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A atual gestão da CBV é sinônimo de crise.
Do infantil ao adulto, seja dentro ou fora de quadra.
A novidade agora é que o descontentamento com a administração, liderada pela CEO, Adriana Behar, e o vice, Radamés Lattari, alcançou a arbitragem.
O blog conversou com Débora Santos, árbitra do quadro da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) e World Paravolley. Com 47 anos de idade e 25 de carreira, é uma das mais respeitadas no Brasil.
'Enquanto os clubes, atletas e árbitros não entenderem que todos são parte do espetáculo, enquanto o profissionalismo não atingir todas as instâncias da modalidade, nunca teremos um campeonato de excelência', diz ela.
O tema é grave e os desdobramentos vergonhosos.
O blog apurou que uma reunião foi realizada para formulação do regulamento da Superliga 21/22 sem a participação dos árbitros. Ficou definido, até onde o blog chegou, que não haveria reajuste nas taxas de arbitragem.
Direito da CBV.
Acontece que existe um contrato de patrocínio que obriga os mesmos árbitros a fazer propaganda de um dos patrocinadores da entidade, a Sky. E de graça.
A questão é: para quem foi ou é direcionado o dinheiro dessa cota de patrocínio?
Os jogadores e os clubes não devem ter conhecimento, mas a CBV obriga os envolvidos a assinar um contrato que prevê multa de R$ 5.000 caso alguém se recuse a usar o uniforme.
Que tal?
O contrato informa ainda que as taxas já incluem o valor referente ao patrocínio, porém não houve acréscimo e no ano anterior não tinha patrocínio.
Inacreditável.
O documento, pasmem, que beira o amadorismo, prevê cessão gratuita dos direitos de imagem, ou seja, um prato feito na justiça.
Mais um para a atolada gestão.
Débora confirma as informações e vai além:
'Nenhum valor é revertido em benefício dos árbitros. Não há curso de atualização, não há reuniões de padronização, não há acompanhamento, orientação, avaliação, feedback. Nada. Cada estado tem uma maneira de atuação, não há um programa nacional de fomento e valorização da arbitragem'.
É uma espécie de salve-se quem puder.
O cenário retrata o atual estágio da CBV.
Débora afirma categoricamente que a classe é pressionada, ameaçada internamente e que a COBRAV, Comissão Brasileira de Arbitragem de Voleibol, presidida por George Hideyuki Kuroki, anda de mãos dadas com a CBV:
‘Os árbitros se omitem, a COBRAV não nos representa. Ela representa os interesses da CBV. É primordial focar no fato de que os membros da COBRAV nada fazem em prol da arbitragem. É preciso cobrar mudanças na comissão: há membros que estão lá desde 2000 e só atuam em interesse próprio'.
A árbitra explica como funciona o sistema e o regime de escravidão adotado pela atual gestão:
'Os árbitros não podem dar entrevistas sem o prévio conhecimento e autorização da CBV, sob risco de punição'.
Ela expõe publicamente o que a maioria já desconfiava. O procedimento é o mesmo usado nas eleições:
'Poucos árbitros se recusaram a assinar o tal contrato. Eles alegam pressão das respectivas federações’.
A conta do tamanho desrespeito e descaso acaba caindo no colo dos próprios clubes, como Débora conclui:
‘A arbitragem vem sendo diminuída e desvalorizada ano após ano, mas na hora que um erro de arbitragem define um campeonato, todos querem crucificar o árbitro’.
O blog procurou a CBV. A entidade, até agora, não se pronunciou.
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