Pandemônio contra Renato Gaúcho. Flamengo operado na segunda. Erros tão crassos quanto decisivos. A choradeira no futebol brasileiro é onipresente. Mas, em certas situações, faz sentido, sim, reclamar. Portaluppi anda titubeando. Sua limitação no âmbito tático virou tema dos programas de TV. O buraco segue mais embaixo: o treinador do “vestiário”, “boleiro”, não é bestial; nem uma besta. O aspecto comparativo precisa ser contextualizado. O deserto intelectual que impera no nosso país, na Presidência, no jornalismo, no futebol, torna o atual comandante flamenguista “viavél”. Opção aceitável. Não necessariamente a correta. Há para onde correr? Ceni exala aura de estudioso. Não agradou no gigante carioca - mesmo com o título nacional. O rubro-negro não ganhou o campeonato por causa do maior jogador da história do São Paulo; comemorou, apesar dele.
Resolvido?
A cautela de Cuca mostra-se louvável. Inteligente. Sábio. Reclamamos da hipocrisia do meio da bola. E com razão. Amo sincericídios. Mas tem hora que o espírito de animal político há de prevalecer. Nossa função é diferente. Não precisamos, o tempo inteiro, espargir um tipo de cautela que flerta com a apatia, o insosso, a moral de rebanho. O Atlético está com uma mão e meia na taça. O Palmeiras até voltou, no mínimo, a colocar a cabeça de fora do lamaçal - no Brasileiro, para deixar claro - que o enterrava, o atolava. Com o mínimo de imparcialidade, porém, não dá para superestimar as chances do Verdão. Elas são irrisórias.
Tá salvo?
Escrevo minutos antes do embate do Cruzeiro contra o Brusque. Se o escrete de Luxa brilhou, ou padeceu com uma humilhação com a qual a torcida celeste, heroica, estoica, resignada, se acostumou, no fundo, para o essencial, não importa: a Raposa não estará na terceira divisão. Não deixemos um excesso de influência pela perspectiva nos enganar: ter ficado longe de subir mais uma vez envergonha aqueles que apoiam o clube que, da década de 90 até outro dia, talvez tenha sido o maior do país. E se lembrarmos de Tostão, Dirceu... O dom para destruição de Itair talvez seja incomparável mesmo entre os nossos costumeiramente nefastos cartolas.
Gênio
A resposta de Guardiola para a excelente Natalie Gedra no dia do passeio em cima do rival em pleno Old Trafford nos brindou com a singeleza dos gênios. O termo “falso nove”, depois da obra do maior de todos os tempos mudar o posicionamento do segundo da história se acomodar entre volantes e zagueiros, vulgarizou-se. A culpa das interpretações simplórias, equivocadas, não é do criador. E hoje, o Bach, o Jonny Greenwood do esporte bretão, segue se reinventando: nenhum centroavante. Nem o “falso”.
Lógica
A tese parece simples. Melhor do que ter gente esperando a bola na área é possuir superioridade numérica para fazer a “gorduchinha” se aproximar do gol. O QI de De Bruyne para entender, de verdade, em toda sua profundidade, a mente camaleônica, irriquieta do seu mestre - que ele já descreveu, com a expressão de que enveredava para uma subestimação, como “detalhista” –, encanta tanto quanto sua aptidão para os passes que nenhum outro acharia. Manchester permanece com outro dono.
Absurdo
O horário do cotejo do Galo contra o Corinthians hoje não é apenas ruim. Acinte. Desconhecimento da cultura da cidade, do país.