“Quem precisa aprender, estuda, vai para a Europa. Quem não precisa, vai para a praia”. Contrariando a tese de Renato Gaúcho, estudar é preciso e os treinadores do futebol brasileiro – diga-se, aqueles menos tarimbados ou ainda não consagrados – têm-se debruçado sobre apostilas por aí. Eles buscam conhecimento, mas há também uma exigência que paira no ar. Por determinação da CBF, a partir de 2019, todos os técnicos precisarão de licenças de especialização na área (a norma pode ser flexibilizada para treinadores com experiência reconhecida).
E quem vai qualificá-los? A própria CBF. Desde 2015, a entidade oferece quatro modalidades de cursos – licenças C, B, A e Pro – para cada nível de exigência, de escolinhas e equipes de base a times de Primeira Divisão. Antes, a confederação nacional homologava cursos oferecidos por terceiros, mas, agora, investe em sua CBF Academy. O problema é que a especialização ministrada por aqui não tem o reconhecimento da Uefa, e, por isso, os treinadores brasileiros não podem atuar por lá.
Requisitos. Para participar dos cursos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é preciso ter formação em educação física ou ser ex-jogador. O investimento ultrapassa R$ 40 mil. Entre os instrutores estão notórios técnicos do futebol brasileiro, como Carlos Alberto Parreira e Sebastião Lazaroni, que carregam a experiência necessária para compartilhar o conhecimento. O paulista Fábio Carille, atual treinador do Corinthians, que foi aluno, já leciona no curso.
Equiparação. A CBF está buscando a equivalência de seus cursos com os da Uefa para que os brasileiros possam atuar na Europa. As horas-aula de todo o curso no Brasil são até maiores do que lá: 800 contra 678.Técnico do Vasco, Milton Mendes, naturalizado português, conseguiria trabalhar em times europeus se tivesse oportunidade. Ele cursou pós-graduação para treinadores da elite da Uefa. Mano Menezes chegou ao quarto nível do curso de formação para treinadores Pro da Uefa.
Comunicação. Para que técnicos brasileiros trabalhem na Europa, há um importante detalhe que é alheio aos cursos da CBF: a familiarização dos técnicos do Brasil com línguas estrangeiras. Todos se lembram da passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo Real Madrid-ESP, em 2005, que durou 35 jogos. Luiz Felipe Scolari, que treinou a seleção portuguesa, também dirigiu o Chelsea-ING e contava com a colaboração de tradutores do clube para se comunicar com os atletas.
Telhado de vidro. Sem conseguir apresentar os resultados esperados, o técnico Roger Machado foi demitido ontem pelo Atlético. Ainda com pouca experiência – havia treinado Juventude e Hamburgo –, Roger fez uma espécie de estágio na Europa para se qualificar. Passou por cinco países em 30 dias, antes mesmo de assumir o Grêmio, em 2015. Mas, como se viu após a decisão da diretoria atleticana, estudo não é nenhuma garantia de emprego estável no Brasil.
BH na rota. A CBF traz a BH cursos de sua academia. De 17 a 20 de agosto, o conteúdo “Análise de desempenho, identificação e desenvolvimento do talento nas categorias de base” é voltado para auxiliares e membros de comissão técnica. O curso custa R$ 2.150. Em setembro, de 2 a 10, o curso será de Licença C, para profissionais que dão aulas em escolas de iniciação para crianças e adolescentes. O investimento é de R$ 5.267,50.
Encontro. Em meio à disputa da Taça BH, o Centro de Direito Internacional, da Faculdade Arnaldo, promoveu entre os dias 13 e 15 deste mês a Semana do Futebol de Base, uma oportunidade de trocar informações e conhecimentos não só para gestores, como para profissionais que lidam com futuras promessas. O encontrou contou com palestra do técnico campeão olímpico, Rogério Micale. Ricardo Resende, treinador do sub-20 do Galo, esteve presente.