Mãe, não Mulher-Maravilha

Vou começar revelando meus pontos fracos: quando os bebês choram à noite lá em casa, eu não sou aquela mãe que acorda ao primeiro gemido e logo está lá, do lado, para acolher as crianças. Bem que eu queria ser assim. Mas essa mãe aí, pelo menos na minha casa, não existe, não.

O que existe é uma mãe que sempre gostou muito de dormir, que tem um sono relativamente pesado na primeira fase da noite e que nunca foi boa para acordar cedo. Portanto, quando os bebês choram aqui em casa, de madrugada, em 90% das vezes quem acorda primeiro é o pai. Que vergonha, né? Não, não devo ser julgada por isso.

Mas cadê o instinto materno? Sempre ouvi dizer que mãe é mãe, escuta o choro do filho de longe. Já me perguntei por que comigo não funciona assim. Já fiquei até chateada algumas vezes. Será que sou menos mãe por isso?

NÃO. Eu simplesmente sou humana, tenho minhas limitações físicas, emocionais, e não poderes sobrenaturais. O cansaço extremo também contribui muito para esse “sono de morte”, como diz minha mãe.

Nos últimos seis meses, posso contar no dedo as vezes em que consegui dormir três ou quatro horas seguidas. Nas últimas semanas então, desde que voltei a trabalhar, tenho passado noites praticamente em claro. Sei que é uma fase que vai acabar e me alimento, sim, de amor e fofurice todos os dias para dar conta. Mas precisamos saber pedir ajuda também e entender que não somos a Mulher-Maravilha.

Costumo ouvir muito: “Nossa, como você é guerreira. Tem três filhos pequenos. Tem gêmeos”. Acredito, sim, que a maternidade exige muita força, foco e fé.  Mas não sou assim infalível nem tenho que ser a mãe perfeita, que dá conta de tudo sempre sozinha. Prefiro dizer que sou uma mãe humana, que sou a melhor mãe que posso ser para meus filhos, a mãe que tenho vontade e condições de ser, sem rótulos. E isso, sim, é extraordinário.

*Jornalista, redatora dos jornais O TEMPO e Super Notícia, mãe do João e dos gêmeos Raul e Gael e autora do perfil @joaoeosgemeos