O Brasil ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 30 mil transplantes de órgãos e tecidos. Foram 30,3 mil operações em 2024, segundo o Ministério da Saúde. Apesar do crescimento, a fila de espera ainda soma 78 mil pessoas — só para rim são mais de 42 mil. Esse é um desafio que deve ser superado com investimento e conscientização do valor humanitário da doeação.
A importância do ato torna ainda maior se considerada a grande dimensão territorial do Brasil. A distância e o tempo são fatores determinantes para o sucesso de um transplante. Além dessas variáveis o procedimento ainda depende da compatibilidade clínica entre doador e receptor.
Um grande obstáculo à ampliação da doação é a recusa familiar: apenas 55% das famílias entrevistadas em todo o país autorizaram a doação dos órgãos. Em Minas Gerais, a doação de órgãos chegou a ser negada em mais da metade das entrevistas realizadas com familiares de potenciais doadores, segundo levantamento recente do MS.
Para desatar esse nó que impede o fluxo da vida, são necessárias ações em duas frentes: no estímulo à doação e no preparo da rede hospitalar para abordar famílias de potenciais doadores. Após a perda de um ente querido, o acolhimento psicossocial é um ponto-chave para a doação. Mas o assunto não pode se restringir ao delicado momento da morte. O debate deve fazer parte do dia a dia das famílias, da escola, da mídia e de toda a sociedade.
O processo de transplante de órgãos é rigorosamente seguro no Brasil, controlado exclusivamente pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Existe uma intensa fiscalização de diferentes instituições para que nenhuma norma legal seja desrespeitada.
O sistema brasileiro é o mais extenso do mundo, com mais de 600 hospitais autorizados a realizar transplantes. Todo esse aparato perde sua capacidade de salvar vidas se não houver pessoas dispostas a realizar um ato de amor, que é a doação.