Os seguidos voos de deportados dos EUA chegando a Confins trouxeram a questão das barreiras à migração para Minas. O governo norte-americano calcula que 21 mil brasileiros tenham sido detidos tentando entrar ilegalmente no país, a maioria deles de mineiros. E, desde o fim do ano passado, pelo menos 330 foram repatriados em uma situação na qual não foram poupados de constrangimento. Sem falar nas exigências mais rigorosas para a entrada de viajantes regulares no país.
As ações refletem o endurecimento da política de Trump e um sentimento nacional de rejeição aos estrangeiros. Uma pesquisa do instituto Gallup revelou que 57% dos norte-americanos estão insatisfeitos com o nível de imigrantes no país, índice que está em expansão desde janeiro de 2017, início do mandato do atual presidente.
Uma prova do quão forte é a resistência do governo aos migrantes é a transferência de US$ 3,8 bilhões do Orçamento das Forças Armadas para a construção do muro na fronteira com o México. Porém, dados compilados pelo Brookings Institute, mostram o quanto essa política pode ser danosa aos próprios norte-americanos.
Hoje, a população que se autodeclara branca representa 60% dos EUA, enquanto latinos e hispânicos somam 19%. Mesmo que a imigração fosse banida do país, em 2060 os brancos deixariam de ser o maior grupo étnico, e a proporção passaria para 45% a 28%, respectivamente.
Além disso, o grupo hoje majoritário tem, em média, 44 anos, enquanto os latinos são 15 anos mais jovens. Isso significa que a maior parte dos ditos brancos estarão aposentados em uma economia dependente da mão de obra de origem migrante e, principalmente, que o preço dessa intolerância não tardará a ser cobrado.