O estupro de mulheres e meninas no Brasil é um crime que se beneficia da vergonha e do medo que impõe às vítimas. O tema ganhou destaque nas últimas semanas com os relatos de uma menina de 11 anos em Santa Catarina e da atriz Klara Castanho. Infelizmente, os casos delas não são a exceção: a cada dez minutos, as delegacias registram uma ocorrência de estupro no Brasil. E esses números são subnotificados.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública identificou 56.098 ocorrências no ano passado, sendo 3.889 em Minas Gerais. Os especialistas avaliam que a violência sexual contra mulheres tenha sido ainda maior devido à dificuldade de acesso às delegacias.
Desde 1985, o Brasil possui unidades da Polícia Civil especializadas no atendimento às mulheres, mas, passados quase 40 anos, menos de 10% das mais de 5.000 cidades do país possuem uma delegacia do tipo.
Outro fator é a proximidade do agressor com a vítima. O Anuário de Segurança Pública aponta que pelo menos oito em cada dez agressões sexuais são cometidas por um parente ou conhecido, na maior parte das vezes, dentro de casa. E, ao tentar denunciar, a mulher ou a menina é submetida ao constrangimento da própria família para evitar exposição pública.
Não menos importante, ainda há o desconhecimento de que o estupro não se limita à agressão física. O Instituto Locomotiva revelou que um terço das mulheres não considera violência sexual o parceiro ou marido forçar relação sem o uso de preservativo e que uma em cada cinco pessoas acha normal sexo entre um homem e uma menina menor de 14 anos.
Romper essa cultura de violência, impunidade e preconceito deve ser trabalho e responsabilidade de todos para termos uma sociedade segura para mulheres e meninas desde já.