William Randolph Hearst, o magnata da comunicação que inspirou o personagem do filme “Cidadão Kane”, uma vez disse que jornalismo é publicar aquilo que alguém prefere que esteja escondido. Isso atrai hostilidade. E de formas novas, como revelou o relatório “Violações à liberdade de expressão”, divulgado nesta semana pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

A boa notícia do documento é que no ano passado não foram registrados assassinatos e atentados, a forma mais brutal de tentar calar o jornalismo. E as agressões físicas declaradas recuaram de 39 para 24.

Mas a violência, que antes mirava o corpo, hoje visa à reputação com intensidade igual ou maior – e por diferentes meios. De acordo com o estudo da Abert, a cada minuto, são disparados sete ataques virtuais a jornalistas ou veículos.

Das postagens no Twitter com referências a mídia, imprensa e jornalismo, 10% contêm ofensas ou mensagem com o objetivo de desacreditar os profissionais de comunicação, somando perto de 4 milhões de tuítes de pessoas de todos os lados do espectro político-ideológico.

O advento da internet e das redes sociais propiciou que as pessoas conquistassem por si espaço para suas opiniões na arena pública. Um avanço inquestionável.

O que é motivo de crítica é a campanha sistemática – muitas vezes protegida pelo anonimato do mundo digital – contra os meios de comunicação e seus profissionais. Algo que visa minar alguns dos principais pilares de jornais, rádios e TVs: credibilidade, transparência e pluralidade de discursos e opiniões. Tais valores são essenciais não só para a mídia, mas para o exercício e o fortalecimento do processo democrático, que garante a todos o direito à liberdade e à expressão.