Alerta digital

A universalização da internet trouxe vantagens inquestionáveis, permitindo acesso a conteúdos e serviços inimagináveis até há poucos anos e abrindo oportunidades por meio de aplicativos e da economia colaborativa. Mas os avanços não ocorrem sem preço, e uma parte dele está sendo paga pela parcela mais jovem da população.

Em sete anos, o tempo que as pessoas passam nas redes sociais cresceu 60%, chegando a 143 minutos por dia, segundo o estudo GlobalWebIndex. E os brasileiros, que constituem o segundo maior usuário dessa mídia, chegam a extrapolar essa média em mais de uma hora. O primeiro impacto de tanto esforço se reflete na visão. De acordo com levantamento do Instituto Penido Burnier, de Campinas, a prevalência da miopia em crianças entre 6 e 9 anos superexpostas às telas chegou a 21%, quase o dobro do índice habitual nessa faixa etária.

Mas a disfunção vai além dos olhos. O comportamento compulsivo diante de telas ganha contornos de dependência em um de cada quatro jovens, como constatou pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo. A prevalência de transtornos de ansiedade, por exemplo, é de 34%, o dobro da média dos não dependentes.

Em dez anos, 25 mil jovens entre 10 e 14 anos foram internados por causa de doenças comportamentais e mentais, como transtornos de humor, estresse e depressão, causados, entre outros fatores, pelo excesso de cobrança e agressões aos quais estão submetidos no mundo físico e no altamente competitivo e idealizado universo das redes sociais.

Tais fatos aumentam a responsabilidade de pais e tutores de estarem presentes, observando os sinais e agindo preventivamente para que a tecnologia não roube desses jovens o futuro de prosperidade que ela promete a toda a sociedade.