Editorial

As chuvas e a dengue

Necessidade de prevenção diante dos riscos da doença em cidades alagadas


Publicado em 06 de março de 2020 | 03:00
 
 
 
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O recrudescimento das chuvas no interior do Estado intensifica a preocupação com a dengue quando as águas vierem a baixar. A lista dos municípios com alta ou muito alta incidência da doença coincide com a relação das regiões atingidas por enchentes ou em situação de emergência, como os entornos de Governador Valadares, Ubá, Teófilo Otoni e Ponte Nova, para citar apenas algumas.

O número de registros de dengue cresceu 328% em relação a dezembro, e o último boletim epidemiológico apontou mais de 20 mil casos, um deles fatal. Somente nas 51 cidades de incidência mais elevada, há 811 mil habitantes expostos ao Aedes aegypti.

Enquanto as tempestades persistem, os criatórios de larvas não resistem à força das águas e acabam sendo levados. Mas é justamente em março – quando habitualmente as pancadas começam a ceder e a temperatura sobe – que o surto da dengue ganha força nos reservatórios de água e lixo deixados para trás nos municípios hoje alagados.

Por isso é essencial que o cuidado comece antes que o pior se instale. Na última quarta-feira, cerca de R$ 640 mil foram liberados do Fundo Estadual de Saúde para 29 prefeituras que apresentam 300 ou mais casos prováveis da doença a cada 100 mil habitantes. Os recursos são destinados a contratação de agentes de controle de endemias, realização de mutirões de limpeza e ações de conscientização da população.

Mal havia se recuperado da mais grave epidemia de dengue na década, com 480 mil casos investigados e 179 mortes confirmadas em 2019, Minas enfrentou a força das chuvas, que matou mais de 60 cidadãos desde janeiro. Sem prevenção agora, a soma dessas tragédias será o preço a se pagar em 2020.

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