Avanço do PIB

Com a alta de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, o Brasil retomou o patamar de antes da pandemia, numa recuperação acima do esperado por especialistas financeiros e reforçando o otimismo de governo e empresários. É motivo para comemoração, mas sem perder de vista que há alertas no horizonte.

O crescimento de 0,7% da indústria e de 0,4% nos serviços mostrou que esses setores se adaptaram melhor aos desafios da segunda onda da pandemia do que em abril do ano passado. E a agricultura conseguiu se beneficiar da alta demanda internacional por commodities, como soja e milho, por exemplo, crescendo 5,7%.

Os resultados confirmam as boas expectativas do setor produtivo, com o menor pessimismo (18,2%) detectado pelo Índice de Confiança Empresarial da FGV desde janeiro. Enquanto isso, a Fiesp já prevê uma alta da economia de 5,7% ao fim do ano (bem acima da projeção de 3,96% do Boletim Focus do Banco Central).

Pontos de atenção, contudo, sugerem que o trabalho não está concluído. O consumo das famílias, apesar de quase estável no período (-0,1%), tem uma queda acumulada de 5,7% em 12 meses, em parte pela suspensão do benefício emergencial no início deste ano, mas principalmente pela inflação acumulada acima da meta oficial. E, com 15 milhões de desempregados, o ritmo de recuperação promete ser lento.

Ao mesmo tempo, a oferta de crédito para as empresas segue aquém do necessário. A renovação do Pronampe, que ofereceu R$ 37,5 bilhões para micro e pequenas empresas em 2020, somente em maio foi aprovada pelo Legislativo, enquanto os juros não cessam a trajetória de alta. Corrigir essas distorções significa gerar emprego e renda, o que consolidará o crescimento do PIB e uma sólida retomada da economia.