A prorrogação do auxílio emergencial por três meses é um alento para mais de 60 milhões de brasileiros e uma esperança para os comerciantes. Mas, a exemplo do que ocorreu em sua criação, em março, avizinha-se uma nova queda de braço sobre os valores.
O Executivo argumenta que o parcelamento escalonado pelos próximos três meses, com valores de R$ 500, R$ 400 e R$ 300 para autônomos e trabalhadores informais, representará um gasto adicional de R$ 100 bilhões aos cofres públicos. Somados aos R$ 152 bilhões já liberados, a quantia total representaria mais da metade de toda a transferência de renda efetuada pelo programa Bolsa Família desde 2004.
Já a Câmara Federal, que há três meses aprovou a elevação do benefício para R$ 600, defende que manter esse valor atual por mais duas parcelas atenderia melhor a população carente – que, até o início da pandemia, era invisível aos programas assistenciais. Uma divergência que precisa ser conciliada.
Ao largo dessa discussão, os principais interessados sofrem as consequências de uma economia castigada pela pandemia e pelas medidas para se evitar a disseminação da Covid-19. Um terço das famílias brasileiras tem pessoas com alguma dívida em atraso, e, delas, sete em cada dez começaram a protelar o pagamento com a pandemia, segundo dados do Ibre/FGV.
No comércio, a confiança do empresariado, que havia atingido seu ponto mais baixo em abril, ensaia uma frágil recuperação e depende de dinheiro em circulação para atenuar as perdas bilionárias deste ano.
O que se espera é que Legislativo e Executivo exercitem diálogo e razão para que o cabo de guerra sobre o auxílio emergencial não se torne uma corda em torno do pescoço dos brasileiros.