Quase um ano depois que a pandemia do coronavírus foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a falta de informação não pode ser desculpa para quem extrapolou os limites e contribuiu para a aceleração da Covid-19 em aglomerações nas festas de fim de ano. Esses eventos foram a gota d’água para o aumento do número de casos da doença nesta semana em Minas Gerais, segundo o infectologista Dirceu Greco, ouvido pela reportagem do jornal O TEMPO.
A esta altura, quem não adota as medidas de prevenção o faz por negligência. E há quem ainda promova a transgressão das regras, como é o caso da juíza de direito mineira que ganhou fama na internet após exibir um vídeo ensinando a burlar a obrigatoriedade do uso de máscara em shoppings. A magistrada aconselha seus seguidores a comprar e tomar um sorvete apenas para retirar a proteção facial. Em outra filmagem lamentável que circulou na última semana nas redes sociais, uma mulher grita em uma balada lotada “é só me entubar”, debochando da pandemia. Autoridades que deveriam dar exemplo também protagonizaram cenas de desrespeito às medidas.
Além da negligência, a ausência no rigor do combate à Covid-19 é estimulada por questões ideológicas. A pandemia está politizada, não no bom sentido do termo, que significa adotar políticas públicas para se chegar ao bem comum, mas no sentido de estar sendo usada como meio de fortalecer uma ideologia ou outra. Infelizmente, os primeiros dias do ano não indicam que o tom vai mudar no curto prazo, principalmente no Brasil.
Como disse o autor do livro “Contágio”, David Quammen, “é uma tragédia que uma medida de saúde pública, como usar máscara, deva se tornar uma bandeira política”. Chegamos a 2021 ainda tendo que explicar o óbvio.