Contas abertas

Hoje, o início do cadastramento de usuários do Pix, a ferramenta de pagamentos e transferências de recursos do Banco Central, sinaliza uma mudança histórica. Absurdamente concentrado – apenas cinco bancos controlam 81% de todos os ativos do país –, o mercado financeiro nacional pode finalmente se abrir para operação, direta ou indireta, por fintechs, bem como varejistas e provedores de serviços.

Da forma como funcionam hoje, as instituições bancárias movimentam cifras bilionárias com atividades que deveriam ser apenas serviços acessórios. Segundo levantamento da consultoria de investimentos Morgan Stanley, foram mais de R$ 5 bilhões arrecadados com boletos de cobrança e mais de R$ 35 bilhões com taxas de manutenção das contas-correntes. Isso equivale a quase três vezes o Orçamento previsto para o Ministério do Desenvolvimento Regional.

A cobrança desses serviços exclui 45 milhões de brasileiros que decidiram não ter contas bancárias – ou não conseguem arcar com seus custos. Logo, têm maiores dificuldades de movimentar riquezas e consumir, limitando, assim, a potencialidade da economia.

Com o novo Pix, abre-se uma oportunidade de competitividade real, reduzindo os custos de transferências e pagamentos, ganhando agilidade e, principalmente, possibilitando a integração dessa massa de “desbancarizados” . Além disso, permitirá o desenvolvimento de um novo setor da economia, as fintechs (empresas financeiras digitais), que hoje somam pouco mais de 700 estabelecimentos e que já movimentam mais de US$ 910 milhões em negócios em 2019.

A abertura à concorrência já mostrou seus efeitos benéficos em outras áreas da economia brasileira. O que se espera é que, no setor financeiro, ele seja a chave para uma nova era de crescimento.