Editorial

Crença de risco

Expansão da violência religiosa no mundo


Publicado em 10 de outubro de 2019 | 03:00
 
 
 
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O ataque a tiros a uma sinagoga e a um restaurante turco que deixou mortos ontem em Halle, na Alemanha, durante o Yom Kippur, um dos principais feriados judaicos, reflete o crescimento da violência religiosa no mundo. Só no primeiro semestre, foram 1.088 crimes violentos cometidos no país europeu por grupos de neonazistas e extremistas de direita, mais da metade deles contra imigrantes islâmicos e contra judeus, segundo o Ministério do Interior alemão.

Segundo um levantamento do Pew Research Center, mais de um quarto dos países do mundo apresenta alto nível de hostilidade com motivação religiosa, principalmente contra cristãos, muçulmanos e judeus. Nos Estados Unidos, atentados terroristas de supremacistas já superam as ações armadas de jihadistas. Nem o Brasil – onde reina o discurso da cordialidade e do sincretismo – escapa. De acordo com dados do Disque Direitos Humanos, foram 506 denúncias de intolerância, discriminação e ameaças contra umbandistas e testemunhas de Jeová em 2018.

Por trás desses atos está um contorcionismo ideológico que mistura fundamentalismo, nacionalismo, mitos de superioridade racial e ressentimento contra grupos que supostamente se apropriam de empregos e escassos recursos públicos de assistência social.

Soma-se a isso uma disponibilidade absurda de armas de fogo e pessoas com experiência de combate desde o início da guerra ao terror: estima-se que existam mais de 800 milhões de revólveres, pistolas e fuzis em circulação no mundo – 85% deles em mãos de civis.

O momento atual exige a retomada da tolerância pela sociedade e ações duras dos governos contra esse movimento discriminatório, que, no século passado, mostrou ser receita certa para uma catástrofe de dimensões globais.

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