Entregadores que trabalham para aplicativos em vários Estados do Brasil vão exercer hoje o direito de greve previsto na Constituição Federal. A paralisação desses profissionais na busca por melhores condições de trabalho é sintoma das modernas mudanças nas relações de trabalho potencializadas pela crise desencadeada pela pandemia do coronavírus.
Nos últimos anos, as plataformas digitais cresceram pela capacidade de solucionar problemas com custo menor e de forma mais rápida que serviços tradicionais. O expoente dessa nova era é a Uber, que intermedeia a relação entre um motorista e um passageiro. Usuários e colaboradores da empresa espalhavam aos quatro cantos a vantagem da nova forma de transporte, enquanto a novidade ia se popularizando.
O crescimento do modelo foi sendo impulsionado pelo desemprego. Profissionais de áreas com boas remunerações viram nas plataformas uma fonte de renda temporária enquanto buscavam emprego na área de formação.
Para outros, os serviços de transporte e entrega se tornaram a única maneira de ganhar dinheiro, tendo em vista a baixa escolaridade e a falta de vagas.
O isolamento social trazido pela pandemia do coronavírus levou ao aumento da demanda por entregadores, mas, segundo esses profissionais, os ganhos e as condições de trabalho oferecidas pelas empresas não acompanharam o ritmo. As companhias dizem que apoiam a liberdade de expressão e que são transparentes quanto às formas de pagamento.
O movimento deflagrado hoje é mais uma oportunidade para o Estado, por meio da Justiça, e o mercado – com a participação de empregadores, trabalhadores e consumidores – aperfeiçoarem suas regras, sem se esquecer de princípios como o da dignidade humana.