Editorial

Dilema Financeiro

Como vender para uma população crescentemente empobrecida?


Publicado em 12 de junho de 2020 | 03:00
 
 
 
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A retomada gradual da economia terá de equacionar uma dura questão: como vender para uma população crescentemente empobrecida. Em dois meses de necessário isolamento social, 10 milhões de brasileiros tiveram redução de jornada ou suspensão do contrato de trabalho. Isso equivale a quase um terço dos profissionais com carteira assinada no setor privado.

Em casos ainda mais graves, cerca de 1 milhão de pessoas entraram com pedido de seguro-desemprego em maio, praticamente o dobro do número registrado no início da quarentena. Uma sinalização de que o número de 12,9 milhões de desempregados registrados pelo IBGE nem de perto retrata a realidade nacional.
Essa percepção é reforçada por estudos de economistas do Itaú Unibanco.

Eles observam que, para ser considerado desempregado, um trabalhador precisa estar procurando recolocação. Mas, na pandemia, em que sair de casa é se colocar em risco, como saber a quais portas bater atrás de um trabalho? Muitas empresas permanecem fechada e, das que abriram, setores  administrativos permanecem em home office – nem sempre facilmente acessíveis.

Diante desse cenário de erosão do trabalho, da renda e do consumo das famílias, há poucas expectativas de que o varejo consiga recuperar as perdas, calculadas em mais de R$ 124 bilhões até maio passado. 

Por um lado, o comércio dependerá de acesso a crédito rápido e sem burocracia para quitar as obrigações que ficaram pendentes durante o período de isolamento e promover as adaptações necessárias para uma nova realidade de distanciamento social. Por outro, precisará de planejamento, foco e ousadia como nunca para criar estratégias que possibilitem um consumo sustentável e que volte a gerar emprego e renda para todos.

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