Proposta de liberar parte do FGTS promete aquecer economia, mas exige cuidado

Engenharia econômica

Redução de recursos disponíveis nas contas do Fundo de Garantia preocupa setor da construção


Publicado em 19 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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A proposta de liberação de cerca de R$ 50 bilhões das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep promete ser um alento ao consumo e dar um empurrão na retomada do crescimento, mas exigirá cuidados da equipe econômica. Em 2017, quando o então presidente Michel Temer injetou no mercado R$ 44 bilhões das contas inativas do fundo, o Produto Interno Bruto, que vinha de dois anos em queda, conseguiu avançar 1%. Agora, as estimativas da agência Bloomberg são que a medida possa ter um impacto imediato de 0,5% na economia. Para o próximo ano, as projeções são ainda mais otimistas, de pelo menos mais 1%. Números tentadores, principalmente quando se observa que, no início do mês, cortou pela metade sua previsão de crescimento para 2019 (0,81%) devido às dificuldades da indústria e até ao impacto da tragédia de Brumadinho sobre a mineração nacional. De acordo com o IBGE, o que vem impedindo um retrocesso ainda maior é o consumo das famílias – exatamente o alvo da liberação dos recursos do FGTS –, que subiu 1,3% no ano passado. O problema é que o ritmo de alta vem decrescendo trimestre a trimestre, em função do elevado índice de desemprego, do achatamento salarial e o fantasma da inflação. Outro ponto que merece a atenção da equipe econômica é a construção civil. O setor conta com R$ 69 milhões das contas do Fundo de Garantia para financiamento imobiliário, habitação popular – sem falar em obras de saneamento de infraestrutura (outra fonte, as cadernetas de poupança estão minguando, com saques mensais superando os depósitos em mais de R$ 700 milhões por mês). O número de lançamentos de imóveis caiu até 60%, nos últimos anos, o PIB do setor encolheu 28%, e cerca de 1,2 milhão de profissionais do setor foram demitidos. Para o governo, o desafio de engenharia econômica será erguer o consumo sem aprofundar a crise na construção.

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