Imagine o que é viver em um país em que uma em cada cinco pessoas não tem acesso a água tratada e metade dos cidadãos vive em casas sem coleta de esgoto. Não é preciso grande esforço, pois essa é a realidade brasileira, com graves reflexos para a saúde e para a economia nacionais. Uma esperança para mudar esse quadro, o marco regulatório do saneamento, será colocado em votação no Senado na quarta-feira.
Um dos diferenciais da iniciativa é a definição de um prazo para a universalização do serviço, o ano de 2033, e ferramentas para que ela seja alcançada, como a criação de consórcios que barateiem os gastos públicos e a criação de condições para investimentos pela iniciativa privada.
Atualmente, menos de 6% dos serviços de água e esgoto no país são providos por empresas privadas. Ao mesmo tempo, as companhias públicas têm de lidar com a ausência de recursos decorrente da grave crise fiscal nos Estados e municípios, o que ajuda a compreender o déficit de obras para solucionar a questão sanitária.
Além da redução de mais de R$ 1,45 bilhão em gastos da saúde devido a doenças decorrentes da falta de saneamento, a universalização tem um potencial de alavancar o desenvolvimento econômico. A projeção é que sejam movimentados R$ 700 bilhões em investimentos para atingir a meta prevista no marco.
Além disso, a estimativa é que, para cada R$ 1 bilhão aplicados, 60 mil novos empregos são gerados. Isso significa 42 milhões de vagas nos próximos 12 anos. Uma excelente notícia quando se lembra de que há 28 milhões de desempregados e desalentados hoje no país.
Ampliar o acesso da iniciativa privada, como previsto pelo marco, permitirá ao Brasil saldar uma dívida histórica com a saúde de seus cidadãos e entrar em uma nova era em sua economia.