Editorial

Linguagem inclusiva

O debate sobre a linguagem neutra


Publicado em 19 de novembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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A discussão sobre a linguagem neutra no Brasil tem ganhado corpo e tomado conta até dos tribunais. A tendência é que o tema cada vez mais passe a fazer parte do debate público. Essa linguagem tem o objetivo de representar pessoas não binárias (que não se identificam com os gêneros masculino e feminino), usando, por exemplo, “elu” em vez de “ele” ou “ela”. A pauta é fruto de mudanças sociais e merece abordagem séria por tocar em questões importantes, como a discriminação de gênero. Aspectos linguísticos, sociais, formais, históricos e jurídicos devem ser levados em conta.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que suspende uma lei do Estado de Rondônia que proíbe o uso de linguagem neutra nas escolas públicas. O magistrado entendeu que a lei censura a liberdade de expressão sob o pretexto de valorizar a norma culta.

As discussões levantadas sobre o tema, sobretudo nas redes sociais, têm sido caracterizadas por uma superficialidade comum aos debates nos fóruns digitais em um país polarizado ideologicamente. Muitos se escondem por trás de um argumento supostamente técnico, como destaca Fachin, para destilar preconceito e impedir a livre manifestação da sexualidade do outro. 

Obviamente, a norma-padrão da língua portuguesa deve ser atendida, por exemplo, em vestibulares e concursos públicos que a exigirem. Também é verdade que há aspectos da gramática que precisam ser considerados para se entender a validade ou não da aplicação da linguagem neutra. 

Está nas mãos das escolas, da mídia, do governo e das demais instituições promover debates produtivos sobre a questão, sem acirrar os ânimos por meio da ignorância. 

 

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