A mais recente crise econômica no Brasil foi um dos fatores que provocaram o boom de motoristas que trabalham para aplicativos no país. Geralmente egressos de profissões que nada têm a ver com o transporte de passageiros, esses trabalhadores viram nas plataformas digitais a única fonte de renda. Como se não bastassem as dificuldades diárias comuns à atividade, esses colaboradores entraram no radar da bandidagem e convivem com o medo.
Exemplo disso é o cruel latrocínio que vitimou o condutor Anderson Coelho Alves, em Vespasiano, na região metropolitana, no último sábado. Os dois suspeitos já tinham passagens pela polícia por pequenos furtos cometidos quando eram adolescentes.
Apesar dos esforços das empresas responsáveis pelos aplicativos no sentido de oferecer mais segurança aos seus colaboradores, estes ainda estão extremamente vulneráveis a assaltos e outros crimes. Não há atividade econômica que prospere em um ambiente de risco.
A informalidade atingiu, no ano passado, 41% da força de trabalho brasileira, de acordo com dados do IBGE. São 38 milhões de pessoas que estão em grande parte nas ruas para levar o sustento para suas famílias e que ajudam a movimentar a economia. Elas, assim como qualquer outro cidadão, não podem ter seus bens ou a vida ameaçados pela criminalidade.
A Constituição Federal delega às polícias a tarefa de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Mas os fatos mostram que cidadãos não estão tendo acesso à segurança pública, um direito de todos. Essa falha na prestação de serviço é resultado da falta de investimento em inteligência no combate à violência, de uma legislação capaz de punir os criminosos e de um sistema penitenciário verdadeiramente regenerativo.