Os recentes ataques criminosos a ônibus na região metropolitana da capital deixam a população refém do medo não só da violência, mas de perder o próprio sustento. Na manhã de ontem, passageiros esperaram mais de uma hora e meia nas estações Vilarinho e Venda Nova por um transporte forçado a circular não no momento em que é mais necessário à sociedade, mas na hora que os criminosos permitem.
Na última semana, por ordem de detentos na penitenciária Nelson Hungria, praticamente um coletivo por noite foi incendiado nas regiões Norte e Nordeste de Belo Horizonte, em Vespasiano e em Ribeirão das Neves. Neste último caso, numa escalada da violência, o ataque foi cometido por adolescentes armados com submetralhadoras – uma resposta às operações desencadeadas pela Guarda Municipal e pela Polícia Militar para coibir essa onda de crimes.
Como resultado, as empresas de transporte coletivo se recolheram às garagens e só retornaram às ruas com o dia claro. Deixaram desassistidos, assim, milhares de trabalhadores que precisam sair de casa antes de o sol nascer para chegar a tempo no trabalho.
Um estudo da Firjan revela que o belo-horizontino passa quase uma hora e meia por dia no trajeto entre casa e trabalho e, quando perde o ônibus, precisa esperar no ponto até uma hora pela chegada de outro veículo – e o atraso custa a essas pessoas o dia de trabalho e o dinheiro para comprar o arroz com feijão cada dia mais caro.
É inadmissível que a sociedade seja subjugada por uma estratégia covarde do crime, que coloca armas potentes nas mãos de jovens inimputáveis para ameaçar motoristas e cobradores, chantagear o poder público e roubar da população a paz e o direito de ir e vir que lhe é indispensável para o sustento.