Acontece neste mês, no Brasil, a campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo promover a saúde mental. É urgente debater o tema, especialmente em um ano que começa marcado pela pandemia e por seus efeitos em todas as áreas da vida. As medidas de isolamento social e a crise econômica elevaram o risco de se desenvolverem doenças como a depressão.
Pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas revelou que 40% dos entrevistados experimentaram sentimentos de tristeza e outros sintomas relacionados à depressão em 2020. Mas, mesmo antes da Covid-19, a saúde mental dos brasileiros preocupava. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados em 2017 revelaram que 5,8% da população sofria de depressão, sendo o país com a maior prevalência da enfermidade na América do Sul. Os motivos para esses números envolvem questões socioeconômicas como a pobreza e a violência.
A estigmatização do adoecimento mental é um dos principais entraves para avanços na área. A cultura predominante tende a atribuir sintomas de origem psiquiátricas a fatores meramente místicos ou tachar a pessoa que sofre de forma pejorativa, inibindo a busca por um tratamento médico apropriado. Por isso, ações educacionais do governo podem contribuir para o conhecimento da gravidade da questão.
Uma segunda frente de batalha em busca da sanidade mental é travada nos sistemas de saúde público e privado. Há dificuldades em ter acesso a consultas psiquiátricas e psicológicas em comparação com outras especialidades.
As doenças mentais não têm rosto e são muitas vezes silenciosas. É necessário quebrar o tabu e falar sobre o tema sem preconceito. Essa atitude salva vidas.