Não existe mentira inocente. Ainda mais em um período em que a consequência dela pode ser a morte de uma pessoa. E esse é o resultado mais provável do fato de que uma em cada cinco fake news na atual pandemia tenta desqualificar a vacina contra a Covid-19, como mostrou a manchete de O TEMPO da última segunda-feira.
Os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, responsáveis pela pesquisa, apontam que a disseminação das notícias falsas, inventando efeitos colaterais assustadores e fantasiosos para os imunizantes, impacta diretamente os resultados da campanha de vacinação, desestimulando as pessoas a procurar a segunda dose.
Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou que pelo menos 8 milhões de brasileiros não retornaram aos postos após terem recebido a primeira aplicação. Minas Gerais, com 1,02 milhão de pessoas nessa condição, é o terceiro Estado da Federação em número de atrasados. Alguns adoeceram, alguns morreram, outros dependem de uma normalização do fornecimento internacional dos insumos para a produção da vacina, mas há uma parcela em que a dúvida plantada pelas fake news produziu o estrago.
Um dano que não é pequeno. Desde o início da pandemia, 52,5 mil mineiros morreram, e, neste momento, 181 mil estão hospitalizados em tratamento. Tanto no país quanto no Estado, novas cepas geram a sombra de um quarto pico da pandemia. E é fato comprovado pela ciência que os imunizados têm melhores condições de enfrentar a variante delta e sobreviver.
Pense antes de compartilhar informações suspeitas sobre a vacina. Investigue. Procure fontes científicas confiáveis. Não se contente com a primeira resposta do site de buscas. Insistir em mentiras que prejudicam a luta contra a Covid-19 é ser cúmplice das mortes que ela provoca.