A mesma nuvem que fez São Paulo anoitecer em plena tarde na semana que passou traz horizontes sombrios para o país. Das queimadas da Amazônia veio o “corredor de fumaça” carregado de fuligem e substâncias que agravam o efeito estufa, como o dióxido de carbono, ou mais comumente falando: gás carbônico (CO²).

Pesquisadores da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, descobriram que os incêndios em uma área de 10 mil km² da floresta amazônica em 2016 emitiram 30 milhões de toneladas de CO²na atmosfera – volume quatro vezes maior do que se estimava até então. Para se ter uma ideia, esse volume é equivalente ao despendido por países como Noruega e Bósnia, desde a geração de energia ao consumo de combustíveis, segundo o centro Climate Watch.

O alerta se acende quando se lê, nos relatórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que a área da Amazônia destruída pelo fogo de janeiro a julho deste ano chegou a 18.629 km² – quase o dobro da faixa analisada pelos estudiosos britânicos. E o avanço da área destruída tem se dado em ritmos geométricos. Passando de 812 km² em maio, para 1.763 km² em junho, até chegar a 4.281 km² no mês passado – dimensão comparável ao de uma cidade como Uberlândia, no Triângulo Mineiro, em apenas 30 dias.

Em concentrações excessivas, o dióxido de carbono leva ao aumento de doenças respiratórias e cardíacas, principalmente entre crianças e idosos. Há ainda o risco associado aos gases de efeito estufa, que impedem que o calor irradiado pelo solo consiga se dispersar em direção ao espaço e elevam a temperatura do planeta, o conhecido aquecimento global – um fenômeno que, segundo estudo da Embrapa, reduzirá a área plantada de café em 33% e a de soja em 40% até 2040 se nada for feito.