Houve uma audiência ontem na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, em que o chefe da Polícia Civil, Wagner Pinto, reclamou da falta de servidores para que a corporação possa dar conta da demanda que lhe chega de toda parte.
Segundo ele, faltam 7.615 investigadores e delegados na Polícia Civil de Minas Gerais. Em 72 comarcas do Estado, não há delegado, obrigando que um servidor atenda outras cidades, gastando grande parte de seu tempo em viagens arriscadas.
A situação foi caracterizada por ele como “alarmante”. De fato, são 853 municípios para cobrir, tendo um efetivo de 9.902 agentes, quando necessitaria, na verdade, de 17.517 servidores. Sem falar de outros déficits, como viaturas, instalações etc.
Não obstante, o chefe da PC deu números positivos com relação à produtividade da corporação. De 71.388 inquéritos instaurados neste ano até abril, 64% foram concluídos. Também foram registrados 39.097 ocorrências (TCO) e 13.486 medidas protetivas.
O resultado conflita com os dados (de 2018) de um levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público. Em 88% das nossas delegacias, há inquéritos tramitando há mais de dois anos. Em 15% delas, os crimes hediondos não se transformaram em investigações.
Os números mineiros são piores que os nacionais. No país, não se solucionam nem 10% dos homicídios. A estrutura precária é parte desse passivo. Com inquéritos parados ou atrasados, a sociedade não vê resolvidos os casos de assassinatos, roubos e outros crimes.
O problema é antigo. A Polícia Civil não recebe atenção dos governos. A maior parte dos investimentos em segurança pública é dirigida à polícia ostensiva, de preservação da ordem. Porém, quem sofre uma violência, não tendo o crime solucionado, é duplamente agredido.
Se são baixos os índices de resolução dos delitos, a impunidade prospera e o crime compensa.