Editorial

O impacto dos juros

Crise pressiona alta da Selic e gastos do governo, das empresas e dos consumidores

Por O TEMPO
Publicado em 26 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
 
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A recente instabilidade no mercado financeiro brasileiro seguramente vai se refletir na nova taxa básica de juros, que o Comitê de Política Monetária anunciará amanhã. Há uma semana, os analistas de mercado previam um aumento de um ponto percentual, elevando a Selic anual de 6,25% para 7,25%. Agora, as projeções estão em 7,50%, e não se descarta uma alta ainda mais radical, chegando a 7,75%.

Subir juros é o remédio ortodoxo contra a inflação. Após a maior alta para um mês de setembro desde o início do Plano Real, o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 10,25%. Isso é mais que o dobro do teto da meta inflacionária estabelecida para este ano. Dois dos principais fatores para esta escalada são o custo da energia elétrica e o dos combustíveis – que, por sinal, teve um novo reajuste anunciado pela Petrobras.

Contudo, o remédio dos juros é amargo para todos. No caso do governo, segundo o Banco Central, cada elevação em um ponto percentual da Selic significa uma despesa adicional de R$ 31 bilhões para os cofres públicos. Isso significa que as projeções mais pessimistas dos investidores representarão um rombo adicional de R$ 46 bilhões na dívida bruta federal, valor maior que o PIB de seis Estados Brasileiros.

Para empresários e consumidores, significa um custo ainda maior para captar recursos fundamentais para mover consumo e investimentos. Antes mesmo de a nova Selic ser anunciada, a taxa média de juros no crédito livre atingiu 30,6%, uma alta de cinco pontos neste ano. No caso do cheque especial, o juro passou de 128% em setembro, segundo o Banco Central. Mais do que reagir à inflação, é preciso enfrentar os problemas nos fundamentos da economia, respeitando as conquistas da estabilidade e os limites de sacrifício que os brasileiros conseguem suportar.

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