Donald Trump foi banido de diversas redes sociais, na última quinta-feira, por ter divulgado mensagens que teriam incitado seus seguidores à violência e incentivado fanáticos a invadir o Capitólio. Imediatamente, apoiadores do presidente norte-americano acusaram as empresas de tecnologia de censura ao republicano, deflagrando um intenso debate sobre liberdade de expressão. Esse tipo de tensão será cada vez mais comum ao redor do mundo, tendo em vista que as redes sociais digitais já se firmaram como agente importante da política global. O desafio das democracias é absorver o que há de bom no mundo virtual sem deixar que suas instituições sejam abaladas.
Se as publicações de Trump foram determinantes para provocar a invasão ao Congresso e outros atos de vandalismo nos Estados Unidos, países com menos tradições democráticas devem passar por esse período de ruptura com ferimentos ainda maiores. Uma das nações que têm sido colocadas à prova é o Brasil. As últimas eleições gerais foram fortemente marcadas pela presença de candidatos e militantes nas redes sociais. Discurso de ódio e divulgação de notícias falsas foram frequentes. E a tendência deve seguir no pleito de 2022.
Como as grandes empresas de tecnologia que dominam a internet são privadas e têm autonomia sobre o conteúdo que circula em suas plataformas, não se pode depender só delas. Instituições como a Justiça Eleitoral, a imprensa e o Ministério Público são o suporte do mundo real para conter abusos do mundo virtual.
A liberdade de expressão não pode ser usada como desculpa para ultrapassar os limites das leis. Ela é um princípio que precisa ser respeitado, seja em um palanque ou em uma postagem de 280 caracteres na internet.