A atenuação da Onda Roxa em grande parte do Estado, com flexibilização do isolamento e ligeira melhoria de alguns indicadores da pandemia, traz esperança para os mineiros em relação ao enfrentamento do coronavírus e expectativa de retomada das atividades comerciais para a recuperação da economia. Somente em Belo Horizonte, segundo a Fundação João Pinheiro, 11 mil vagas de empregos foram eliminadas no ano passado, e a Junta Comercial calcula que 22 mil empresas tenham fechado. Quatro em cada dez lojistas dizem não ter dinheiro para pagar salários.
Mas é primordial não confundir atos administrativos para o fluxo das cidades com a cura da Covid-19. Somente ontem, foram quase 30 mil casos confirmados da doença e 433 mortes no Estado. Cerca de 106 mil mineiros estão internados, e pelo menos oito em cada dez leitos de UTI estão ocupados (sendo que aproximadamente 400 pacientes aguardavam uma vaga).
Principalmente, há uma desesperadora falta de kits de intubação – medicamentos necessários para sedação e conforto dos pacientes mais graves que precisam de auxílio mecânico para respirar. Novas remessas estão chegando, mas os 2,3 milhões anunciados pelo Ministério da Saúde para todo o país serão suficientes apenas para um período não maior que duas semanas.
Além disso, com hospitais lotados e alto risco de contágio, o SUS deixou de realizar 1 milhão de cirurgias não urgentes. E outras doenças que não a Covid-19 continuam a matar, com 50 mil brasileiros mortos por infarto e 30 mil por diabetes apenas no primeiro semestre do ano passado.
Por isso, a flexibilização do isolamento deve ser encarada com responsabilidade por todos, mantendo-se os hábitos de prevenção. Neste momento, ser irresponsável é ser cúmplice do desemprego e da morte de milhares de mineiros.