A prorrogação do auxílio emergencial, a ser pago em quatro parcelas em julho e agosto, é um alívio para trabalhadores autônomos e informais afetados pela pandemia e uma necessidade para a recuperação da economia nacional.
Das 7,8 milhões de vagas de emprego eliminadas até maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no começo da semana, 5,8 milhões são de ocupações para trabalhadores informais. Esses últimos, juntamente com os autônomos, formam o público prioritário do benefício e viram sua renda – inferior dos empregados com carteira assinada – derreter com as medidas de isolamento. Com esses R$ 1.200, eles terão condições de manter algum patamar de consumo para as famílias e de pagar dívidas emergenciais, contribuindo para amenizar a espiral da inadimplência na economia.
Até por causa disso, o auxílio emergencial tem uma função na esfera macro. Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco aponta que essa liberação de recursos representa um impacto de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Minas Gerais tem índice igual, mas há Estados, como o Maranhão, em que a injeção de recursos equivale a 5% do PIB. Somente em maio, foram R$ 41 bilhões pagos pelo benefício, quase R$ 6 bilhões a mais do que o repasse da Bolsa Família em todo o ano passado.
Hoje, 65 milhões de pessoas são atendidas pelo auxílio, mas a pressa com que um socorro dessas dimensões foi montado e a fraude drenam recursos. Pelo menos 620 mil benefícios foram concedidos indevidamente, 17 mil deles para pessoas mortas, consumindo meio bilhão de reais, dinheiro mais que suficiente para comprar mais de 8.000 respiradores. Diante desses números, aproveitar-se desse socorro, política ou financeiramente, é um crime contra a vida.