Com um crescimento de mais de 30% no número de casos de Covid-19 em uma semana e com nove em cada dez leitos de UTI ocupados, a sombra de um lockdown avança sobre o Estado. Por isso, há grande ansiedade sobre a análise semanal da pandemia em Belo Horizonte, que será divulgada hoje e cujos indicadores se aproximam perigosamente dos critérios para a adoção de um isolamento obrigatório.
No programa Minas Consciente, para a flexibilização em um conjunto de municípios que abrange 3,7 milhões de cidadãos, das 14 regiões de controle, 11 possibilitam apenas a abertura de serviços essenciais. E, ontem, as outras três retornaram da onda amarela para a branca, o que levará salões de cabeleireiros, papelarias e lojas de roupas a fechar as portas novamente.
O possível lockdown é um pesado golpe nas esperanças de recuperação econômica. Com a pandemia, mais de 88 mil vagas de empregos com carteira assinada foram fechadas em Minas, segundo dados do Ministério da Economia. Com lojas fechadas na maior parte destes mais de três meses de quarentena, o comércio acumulou um prejuízo que já passa de R$ 10 bilhões, calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
O problema é que muitos confundiram a flexibilização comercial com a “cura” do coronavírus, deixando de lado medidas profiláticas básicas justamente no momento em que elas são mais necessárias. Uma negligência cujo resultado aponta para o isolamento obrigatório. O lockdown é uma medida amarga tanto para a economia quanto para a saúde e que deve ser analisada – e, se for necessário, adotada – com a sabedoria da máxima do médico Paracelso (1493-1541): “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”.