EDITORIAL

Tiros em Suzano

Dois ex-alunos mataram a tiros cinco estudantes e duas funcionárias de uma escola estadual em Suzano


Publicado em 14 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Dois ex-alunos mataram a tiros cinco estudantes e duas funcionárias de uma escola estadual em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, ferindo outras nove pessoas. Antes, numa locadora de veículos, eles atiraram numa pessoa e roubaram um carro.

Quando a força policial chegou, eles se mataram. Um tinha 25 anos; o outro, 17. A escola tinha mais de mil alunos e mais de cem funcionários. O atentado ocorreu no intervalo das aulas, quando os estudantes se preparavam para voltar às salas.

Até ontem à tarde, era desconhecida a motivação do atentado. A polícia esteve em suas casas, ouvindo familiares e recolhendo telefones e anotações. Para fazer o que fizeram, com tanta determinação, precisaram apenas ter muita raiva do mundo.

O ser humano busca a felicidade, mas para realizá-la – ou impedi-la –, o meio é a cultura, que Freud iguala à civilização. Esta produz um mal-estar nos homens, decorrente do conflito entre os impulsos naturais e as normas criadas e impostas pela sociedade.

A família e a escola são os primeiros espaços de aculturação e sociabilidade do ser humano. Nelas se manifestam os (d)efeitos da sociedade. Não constitui um exagero afirmar que o mundo moderno está doente por causa da competição e do consumismo.

É sintomático que massacres como o de Columbine e Suzano ocorram em escolas. Estas não deixaram boas lembranças nos seus agressores. A civilização, a sociedade, a cultura, a escola e a família não lhes ensinaram outra linguagem a não ser a da violência.

Para enfrentar problema tão complexo, políticos propõem armar professores e outros funcionários de escolas. O Brasil caminha nessa direção ao facilitar a posse de armas pelos cidadãos para enfrentar os malfeitores, mas também propicia que cometam desatinos.

A insanidade e a arma de fogo são uma combinação mortal, como estamos vendo em Suzano.

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