EDITORIAL

Um dia de resistência

Vários países comemoraram o Dia do Trabalhador. Do trabalhador, não do trabalho


Publicado em 02 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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Vários países comemoraram, ontem, o Dia do Trabalhador. Do trabalhador, não do trabalho, já que foi instituído em homenagem aos homens e às mulheres que, em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, entraram em greve, reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas, e foram reprimidos pela polícia.

O papa referiu-se ao desemprego como tragédia mundial. Na França, os sindicatos, pedindo mudanças na política social, tentaram se destacar em meio aos confrontos com a polícia dos “coletes amarelos” e dos “black blocs” – manifestantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de negro e com o rosto encoberto.

Em São Paulo e outras cidades, as frentes sindicais se esforçaram para construir uma união das esquerdas contra o governo, protestando contra a reforma da Previdência. Na Cidade Industrial, em Contagem, em Minas, realizou-se a tradicional Missa do Trabalhador, que neste ano focou os atingidos por barragens.

Passados 130 anos de tantas comemorações do 1º de Maio, o mundo do trabalho e dos trabalhadores mudou radicalmente, sobrevindo transformações estruturais e conjunturais, às quais vieram se somar, nos últimos anos, as ideias liberais, defendendo a autonomia do mercado e a desregulação das leis trabalhistas.

O trabalho humano vem sendo substituído pelos robôs, exigindo dos trabalhadores a rápida adaptação a novas formas de competências para permanecer no mercado. Valores como condições adequadas de trabalho e garantia de conquistas sociais estão sendo colocados em xeque, exigindo novas regras.

O poder dos trabalhadores se dissolveu nas centenas de experiências que se empreenderam. Com seu ideário, as esquerdas ajudaram mais o sistema capitalista, humanizando-o, do que construíram um regime autônomo, solidário e humanista. Este se frustrou em todos os lugares onde se estabeleceu.

Mas a luta pela igualdade social, contra os privilégios e os privilegiados, resta intata.

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