Editorial

Vacinar bem

Critérios e equidade na imunização


Publicado em 19 de maio de 2021 | 03:00
 
 
 
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A chegada de doses para completar a imunização de maiores de 65 anos e a liberação de insumos da China para a retomada da produção de vacinas no Brasil trazem boas notícias para o momento em que o país passa dos 430 mil mortos, enquanto Estados Unidos e Europa apontam vislumbres de saída da crise sanitária. Mas o caminho para chegar aonde estes últimos estão ainda é longo.

Segundo a Instituição Fiscal Independente do Senado, o Brasil está aplicando, em média, 665 mil vacinas diariamente contra a Covid-19, quando o necessário para evitar um terceiro pico da doença é um ritmo de 1,5 milhão a 2 milhões por dia. O custo de não se chegar a esse patamar foi calculado pelo Instituto de Métricas da Saúde e Avaliação da Universidade de Washington (EUA). Sem um programa consistente de imunização, o Brasil pode chegar a 751 mil mortes no fim de agosto e a quase 1 milhão após setembro.

Não basta despejar as poucas vacinas disponíveis a torto e a direito. Como O TEMPO mostrou na edição do dia 18, há um desequilíbrio na distribuição, com cidades recebendo mais doses do que aqueles com populações maiores. A Associação Mineira de Municípios alerta que projeções populacionais de 2012 servem de critério hoje, apesar de estarem defasadas. A efetiva imunidade não será conseguida se ela não chegar a quem de fato precisa.

Nem é preciso lembrar que a vacina é a diferença entre vida e morte neste momento. Dados do Ministério da Saúde mostram que na população acima de 80 anos – atendida por duas doses do imunizante – o índice de óbitos caiu 60% no primeiro trimestre. O caminho começou a ser trilhado, mas, sem correção, critério e equidade, corre-se o risco de perder, além do esforço feito até agora, milhares de vidas.

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