Existe o Dia do Beijo. Oficialmente, é 13 de abril. Mas, antes de curiosidades, como exigir o movimento de 27 músculos ou gastar cerca de 14 calorias se for bem dado e prolongado e ainda que produza neurotransmissores ligados à paixão como fenilalanina, dopamina, além de analgésicos naturais, como endorfina e encefalina; o certo é que beijar é um ato quase sagrado. Deveria, pois, ser seletivo, impregnado de afeto, homenagem aos que mais admiramos ou amamos. 

Como muitas outras coisas mágicas, raras, o beijo foi sendo banalizado, mal-usado, desconectado de emoções e intimidades.

Beijos anônimos, roubados, forçados pelo assédio ou pela violência. Beijos comprados, forçados, fingidos e interessados. Sem pudor, sem merecimento.

Poderia soar saudosismo ou rotulado de romantismo platônico, mas contei a meus filhos a história de meu primeiro beijo. Demorou dois anos do flerte à conquista. Fantasiei, teci estórias, treinei em copos com pedra de gelo. “Ridículo véio” foi o que escutei de meus filhos. Dei de ombros, segui em frente, até eles implorarem que eu contasse tintim por tintim minha experiência.

Contei em capítulos, demorei sete dias. Num belo dia, os adolescentes colegas de escola de meus filhos vieram pedir que repetisse meu famoso primeiro beijo. Virou palestra.

Beijar mostra o bom prognóstico de um casamento ou relacionamento. Casais que se beijam ardentemente após anos de convívio, com certeza, transformaram paixão em amor.

Por dezenove vezes beijei em toda minha vida. Dezenove histórias maravilhosas que contei para filhos e contarei para netos. Cada um de meus beijos eram o início de viagens transcendentes que trilhei com mulheres que um dia admirei, compartilhei segredos, intimidades, sensações únicas e indizíveis. 

Beijar é tocar a alma, acalentar o coração, serenizar a mente. Ou não. Por isso, existem dois tipos de beijos: os que tatuam nossa memória e se eternizam e... aqueles de cujo coautor nem nos lembramos. Gosto não se discute, mas um beijinho doce é para poucos!