Nesta semana do centenário do Cruzeiro, o momento é de mergulhar na história do clube e relembrar grandes ídolos e épocas menos tristes do que a instituição está vivendo agora. Não faltam livros sobre o Cruzeiro, de diversas vertentes e enfoques, mas o último lançamento, "Guerino Isoni - O Primeiro Camisa 10 do Cruzeiro" (Agência Número Um), tem como maior mérito trazer à tona um jogador pouco conhecido das gerações mais novas e recriar uma realidade bem distante da qual a grande maioria dos torcedores está acostumada. Sim, como o próprio título diz, Guerino foi o primeiro jogador a usar o número 10 celeste, em maio de 1950, contra o Metalusina, fato por si só curioso para quem vai pensar em um primeiro momento em Dirceu Lopes ou Alex.
Guerino defendeu o Cruzeiro em uma era pré-Mineirão, de títulos mais escassos, mas teve o talento reconhecido. Foi jogador celeste por 13 anos e marcou 87 gols com a camisa estrelada - hoje é o 18º maior artilheiro de todos os tempos do clube. O livro, de Ana Rita Franco Isoni, filha do atleta, e do jornalista Eugênio Moreira, mostra em detalhes, pessoais e profissionais, a trajetória de Guerino, um tradicional descendente de italianos que se fixou no Barro Preto, fato que entrelaça a história dele ao Cruzeiro.
O livro, de diagramação leve e fácil leitura, traz, além de imagens valiosas, um extrato da vida em Belo Horizonte, da chegada dos italianos à cidade e das dificuldades passadas pelos imigrantes na capital mineira. Um relato valioso para quem se interessa também em saber o que acontece fora dos gramados. Dentro de campo, a vida de Guerino no Cruzeiro é dissecada, ano a ano, com lista de todos os seus gols e de suas apresentações também pela seleção mineira. Com trechos de reportagens escritas sobre o atleta, o torcedor pode ter uma noção ainda melhor do espaço que Guerino ocupou na mídia e no coração do torcedor cruzeirense.
Guerino jogou também na Venezuela e foi servidor público depois de encerrar a carreira, mas nunca esteve distante do Cruzeiro, do qual foi conselheiro nato. Fatos recontados de forma bastante agradável no livro, um respiro em meio a um momento tão delicado como o que o clube vive.