O uso excessivo de mensagens via WhatsApp tem demonstrado a falta de vontade das pessoas de ter contatos mais interativos e gerado relações superficiais, dúvidas e polêmicas que não existiriam se a troca de ideias ocorresse pessoalmente ou por uma ligação de maneira mais atenciosa.
A pressa e a ansiedade têm causado confusões diante da indisposição em conversar, pois as mensagens resumidas (em português que tem que ser decifrado) ou que muitas vezes são lidas de forma incompleta, bem como o uso de emojis e emoticons em assuntos complexos, permitem interpretações equivocadas. Basta vermos os conflitos nos grupos de WhatsApp, especialmente nos de condomínios e de parentes, em que amizades são rompidas diante da intolerância e da falta de paciência e, às vezes, de educação.
É inegável que WhatsApp agiliza a comunicação e a produtividade em diversos trabalhos quando o assunto é simples. Entretanto, o uso impensado de mensagens em assuntos que envolvem reflexão, argumentação, compreensão de pontos que extrapolam uma pergunta incompleta, e que exigem uma resposta elaborada, tem causado danos nas relações e, inclusive, prejuízos nos negócios.
Perdermos clientes e oportunidades ao não atender ligações telefônicas
Parte expressiva da população deixou de utilizar a ligação convencional por estranhamente entender que ligar para alguém incomoda. Desde o primeiro contato envia uma fria mensagem para conhecer o interlocutor e até termina um namoro pelo meio eletrônico. Comete a ilógica de não atender um número desconhecido, o que faz perder clientes, que ligam para outro profissional.
Fica revoltado se não for respondido de imediato e não verifica se o receptor visualizou a mensagem. Ignora que este pode receber 400 mensagens por dia ou estar ocupado com outros compromissos. Até perde oportunidades por não ligar ou atender uma ligação, pois acha que todos estão à sua disposição.
Fazer uma ligação parece ser uma tortura, e diz ao chefe que não achou o cliente, não se importando com o prejuízo decorrente da falta de contato. Aumentaram as pessoas avessas a conversar pessoalmente, adotando encontros virtuais, mas com grande disposição para pagar os psicólogos para ouvi-los.
Quem é atencioso e argumenta bem se beneficia na conversa “olho a olho”
Nas reuniões presenciais constata-se a falta de paciência em ouvir e de gentileza de alguns que interrompem quem está falando, gerando atritos no trabalho, em casa e, especialmente, nas assembleias de condomínio, que se assemelham a batalhas.
Diante desse cenário, o advogado é contratado para conversar no lugar do cliente, pois espera-se dele maior domínio do diálogo. Mas o vício da mensagem contaminou este e outros profissionais com a falta de empenho em trocar ideias de forma intensa, conforme se exige para esclarecer dúvidas que não cabem em frases curtas.
Muitos conflitos deixariam de ocorrer se a comunicação fosse clara, gerasse confiança por meio da voz, da entonação, da pausa que gera ponderações e reflexões, da gentileza em sentir o que o outro deseja. Passaram a valer ouro o advogado e demais profissionais que gostam de servir, conversar e explicar àqueles que o procuram.