O lobby da indústria das telecomunicações age com eficiência para desacreditar teses de doutorado e estudos de diversos cientistas que alertam sobre os riscos à saúde com o 4G, que se agravarão com a implantação do 5G, que quintuplicará o número atual de antenas de telefonia. As empresas de telefonia e tecnologia afirmam que os limites estabelecidos pela Internacional Commission on Non-Ionizing Radiation Protection (ICNIRP, sigla para Comissão Internacional sobre a Proteção à Radiação Não Ionizante), adotados como referência no Brasil, pela Anatel, garantem a preservação da saúde da população.
Entretanto, poucos sabem que a ICNIRP é uma organização privada, não governamental (ONG), sediada na Alemanha e que qualquer novo membro que venha a integrá-la somente é aceito se os atuais aprovarem, sendo que vários deles têm ligações com as indústrias que faturam bilhões de dólares com telefonia, conforme publicado em 2007, no International Journal of Oncology. Dessa maneira, somente os especialistas que têm sintonia com os interesses das empresas de telecomunicações têm permissão para participar da ICNIRP.
O oncologista Lennar Hardell publicou em maio de 2021, juntamente com outros doutores da Suécia e Estônia, o estudo “Aspectos sobre as Diretrizes 2020 sobre Radiação de Radiofrequência da Comissão de Proteção de Radiação Não Ionizante (ICNIRP)”, no qual alertaram que “os grupos de especialistas da OMS, da Comissão da EU e da Suécia são em grande parte compostos por membros da ICNIRP, sem nenhum representante dos muitos cientistas que criticam o ponto de vista da ICNIRP”. Essa comissão ignora os efeitos não térmicos da RF, apesar da crescente evidência científica dos riscos de doenças como: alteração do eletroencefalograma, letargia, geração de prematuros, distúrbios do sono e comportamentais, perda de memória recente, dificuldades de concentração, doenças neurodegenerativas – tais como Parkinson e Alzheimer – abortamento, malformação fetal, linfoma, leucemia, câncer, entre outros. Em janeiro de 2021, 255 cientistas de 44 nações e 15 cientistas de apoio de 11 nações concluíram que esses efeitos ocorrem bem abaixo da maioria das diretrizes internacionais e nacionais recomendadas pela ICNIRP.
Ao adotar o Princípio da Precaução, vários países e cidades estão com seus limites de exposição às radiofrequências inferiores ao adotado pela Anatel, como na Itália (10 microwatts/cm²); China (6,6 microwatts/cm²); Suíça (4,2 microwatts/cm²); Paris (1 microwatt/cm²), na França; e Salzburg (0,1 microwatts/cm²), na Austrália.
Nos países mais desenvolvidos, a população evita morar ou trabalhar muito próximo de uma antena, sendo comum no Brasil os condomínios aprovarem, muitas vezes de forma ilegal, uma antena no telhado há poucos metros de quem reside no último andar, pois seu proprietário não sabe defender seu direito à saúde. A USP, por meio do IEA, realizou em 20 de julho, o evento “Antenas de celular: Cidadania e Riscos”, que todos deveriam ver no YouTube para entender a verdade.