Nas páginas de O TEMPO, leio: “Internet é aliada dos solteiros – homens e mulheres buscam par rico, inteligente, bonito e bem-humorado”.
Pois é. Tenho amiga que encontrou seu par por meio de um aplicativo. Também tenho outras que se deram mal. O príncipe que aparecia na tela, melhorado pelo photoshop e cheio de prerrogativas afetivas, intelectuais, sexuais e financeiras, tão logo caiu na realidade do “tête-à tête”, virou sapo. Assim como a donzela que, se não virou bruxa, está longe de ser a princesa pintada.
E me lembro de um colega que, após alguns meses de conversas virtuais, trocas de fotos, poemas e declarações, viu em questão de dias seu castelo desmoronar. Ao chegar ao local marcado para o primeiro encontro, já ficou meio assim... “Será???”, pensou enquanto olhava a garota sentada à sua frente, beeeeem diferente daquela com quem costumava se encontrar no ciberespaço.
Tudo bem, ele também mandou foto antiga, com físico de atleta e sorriso escancarado. Após inúmeras trocas de mensagens, julgava conhecê-la o suficiente para iniciar um relacionamento. E, mais uma vez, descobriu que também nesse quesito ela não era beeeeeeem assim. Desistiu de procurar sua alma na internet e partiu em busca de coisa mais concreta.
Relacionar-se virtualmente, mesmo que crie falsas expectativas, deve ser uma maravilha. Você pode ser o que não é ou ampliar enormemente o que é. Ali não há medo de se expor, extrapolar, é fácil se declarar, manifestar-se criando um personagem. Ensaiar palavras com antecedência, calcular o que deve e o que não deve ser dito sem a urgência e a espontaneidade da resposta pessoal e imediata.
Idealizar e ser idealizada(o), endeusar e ser endeusada(o) faz parte do jogo. É a oportunidade de se reinventar, começar da estaca zero, omitindo falhas e ampliando prerrogativas, ser novidade e trocar o ceticismo pelo romantismo.
As fantasias voam longe até o dia em que o relacionamento se torna real e a convivência passa a ser uma prova de fogo. Sobreviver à intimidade não é fácil. Intimidade que só se adquire com o tempo e com a convivência. Que tem história, e não somente passagens.
Viver a fantasia é gostoso, apaixonante e faz bem ao ego. Só que, como toda paixão, tem prazo de validade e, no fechar das cortinas, pode trazer mágoas, dores e muitas frustrações.