Parecia o último capítulo de seriado policial. Uma escolta robusta; a multidão aos gritos; a imprensa nacional e internacional lutando por um feixe de imagem do homem que era conduzido à prisão. Muitos helicópteros tentavam cenas exclusivas desse momento que Brasil inteiro achava que jamais chegaria – sim, o ex-presidente da República iria pagar por todos os crimes que cometeu, enquanto líder maior da nação.
Esse foi o dia 7 de abril de 2018, o dia em que todos – ou a maior parte dos brasileiros – sentiram-se em um país em que os crimes de colarinho-branco, finalmente, seriam punidos e que a política brasileira ganharia uma nova identidade – sairia da vergonha para o orgulho nacional.
Pensávamos: virou-se a página da corrupção. Agora, o Brasil é um país em que poderosos também se curvam a lei. Mas não, não era a cena do último capítulo. O enredo seguiu, e muitas reviravoltas aconteceram. O presidiário que lucrou à custa do Brasil foi solto, e voltou a ocupar os palanques políticos. Sob o comando desse homem, milhões e milhões de reais foram investidos em troca de favorecimentos inescrupulosos. Em vez de gerir o país, ele geriu o mais vergonhoso esquema de corrupção.
Há quem ignore essa lista infindável de escândalos
Hoje, há quem ignore essa lista infindável de escândalos para apoiar o seu retorno à Presidência, como se tudo o que aconteceu não passasse de uma ficção. Aqueles que relevam a desrespeitosa trajetória de Lula na presidência do Brasil ou se esqueceram dos estragos, ou não se importam com o futuro da nossa nação.
Lula, em sua pré-candidatura, fez promessas terríveis – das quais destaco três: revogação da reforma trabalhista, revogação do teto de gastos, regulação da imprensa. Apenas essa tríade seria suficientemente bastante para o seu retorno causar repulsa. O que se promete, em outras palavras, é o retrocesso, o endividamento e a mordaça. Esse é o mindset de Lula para o Brasil.
A reforma trabalhista, aprovada em 2017, foi um pequeno, mas importante passo para que no último trimestre tivéssemos cerca de 699 mil novas vagas de emprego. O maior recuo para o período, desde 2015. Revogar os parcos avanços é fazer com que milhares de brasileiros voltem às quilométricas filas do desemprego – da desesperança.
A irresponsabilidade não para por aí. Lula quer retirar o teto de gastos, o que significa inflar o Estado e comprometer as contas do país. Algo insustentável, populista e que, no fim, prejudica os mais vulneráveis – aqueles a quem ele falsamente diz defender.
E como se não fosse o bastante, volta a explicitar a sua veia ditatorial ao achar que tem que traçar um perímetro em torno da imprensa. Afinal, ele já provou o gosto de uma mídia que fez chegar aos rincões do Brasil a farra que vinha sendo realizada em seu governo. Lula quer amordaçar qualquer um que ouse questionar suas opiniões e ações.
Sem sarcasmo, disse Lula em certa ocasião, “não tem, neste país, uma viva alma mais honesta do que eu”. Os crimes judicialmente comprovados não foram suficientes, ao menos, para baixar sua prepotência. Não há duvidas: ele se considera acima da lei.
Em tempos como os que vivemos hoje, a simples rejeição por um ou outro candidato jamais pode nos levar a escolher quem já demonstrou não ter qualquer reverência pela máquina pública. Escolher Lula em protesto a qualquer outro é expor o país ao retrocesso moral e econômico. Nós não merecemos isso. Que os feitos do ex-presidente não fiquem registrados apenas nas páginas da história, mas que reverberem na memória eleitoral do povo brasileiro.
Lucas Gonzales é deputado federal (Novo-MG)