A Casa Flora Importadora tem mantido os investimentos com novo centro de distribuição, loja virtual, incremento na marca própria, além da venda para outras empresas, como explica o diretor Antonio Pereira Carvalhal Neto em entrevista à coluna Minas S/A de O TEMPO.
De uma fábrica de queijos em Flora, no Sul de Minas, à abertura da loja em São Paulo, depois com novas unidades em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, novo centro de distribuição e, recentemente, a loja virtual, em mais de meio século, como a Casa Flora está passando por essa, que foi a pior crise dos mercados com a pandemia?
Penso que, inclusive, esses 50 anos de mercado nos ajudaram a driblar mais uma crise. Aliás, isso vem sendo uma grande característica do empresário brasileiro. E acrescento também que uma pitada de astúcia, criatividade e o fortalecimento da disciplina foram fundamentais para manutenção.
Você acompanhava a atividade do seu pai a distância, trabalhando num banco, em São Paulo. Como foi entrar para o negócio da família e acompanhar as mudanças necessárias de uma casa ao estilo de secos e molhados para uma importadora de alimentos e bebidas?
De maneira bem objetiva: um superdesafio que eu de maneira alguma enxergava quando eu iniciei. O canal de secos e molhados tem uma característica completamente diferente do de uma importadora e distribuidora. Sem falar na expectativa e no conhecimento dos consumidores que transitavam nessas cinco décadas. Todo contato que tive no banco, respeitando hierarquias, prazos, resultados, me deram visão para que refletisse aqui dentro da empresa. E o superdesafio foi respeitar e desenvolver movimentos, em uma empresa familiar, de modo que acontecesse uma transição menos traumática possível do novo modelo de negócio e a relação entre empresa e família ficasse mais fortalecida.
Com a criação da loja virtual da Casa Flora, qual foi a diversificação do público consumidor e das marcas? Qual é a representatividade atual desse canal de vendas no faturamento da empresa e qual deve ser a fatia do e-commerce nos próximos anos?
Somos uma empresa de raiz B2B (empresas que vendem produtos ou prestam serviços para outras empresas, pessoas jurídicas) e sempre seremos. Porém, nossa missão sempre foi trabalhar com produtos que despertassem e agregassem valor ao consumidor e elevassem cultura. Percebemos em um certo momento que havíamos estacionado com nossa missão e que, para avançarmos, necessitávamos abrir o canal para oferecer essa experiência ao consumidor. Em nosso portfólio mesmo, tínhamos uma concentração em itens já com grande tração em nosso canal B2B, e em nosso e-commerce divulgaremos e trabalharemos os itens de menor tração. Sendo assim nossa estratégia é uma extensão de nosso portfólio com o e-commerce.
Uma tendência percebida em grandes redes do varejo é a marca própria, estratégia também assimilada pela Casa Flora que vende produtos com seu selo na loja virtual. Essa diversificação no portfólio vai representar qual percentual na gama dos 1.500 produtos ofertados nos próximos anos?
Como, além de produtos, levamos segurança e serviço ao cliente, e uma parte do portfólio era comercializado a granel, entendemos que faria sentido chancelar esses produtos com nossa marca de 50 anos. Cada vez mais buscaremos a fidelização do consumidor com nossas marcas desenvolvendo parceiros/fornecedores. Se é Flora, eu confio! Hoje é uma categoria que tem pouca representatividade, e o desafio é alavancar de maneira consistente e qualitativa.
A escalada do dólar tem feito o consumidor B2B e consumidor final da Casa Flora mudar o foco para produtos nacionais de qualidade bem próximos aos importados, ou os clientes querem mesmo e estão dispostos a pagar pelo produto importado?
Em nossas categorias de produtos importados e nacionais nunca observamos uma competição de modo que leve essa decisão ao consumidor ou cliente. Uma hora ele consumirá um importado, e, em outra, um nacional e vice-versa. O importante é alavancarmos e trabalharmos essa cultura de consumo.
Os vinhos continuam os mais vendidos na Casa Flora tanto na loja virtual como para estabelecimentos comerciais? O que mudou nos hábitos do consumidor nesta pandemia?
A mesa de refeição em nossas casas sempre foi o grande amigo do vinho. E, pelo fato de fazermos mais refeição junto com a família, esse movimento se acentuou na pandemia e inclusive migrou, após a reabertura, para os restaurantes. O consumidor está se dando prazeres e valorizando essa experiência de maneira informal, porém, com profundidade/conhecimento.
Como tem sido a gestão dos produtos no centro de distribuição, em São Paulo? Qual é o estoque? Como lidar com as oscilações do câmbio e manter um produto atraente no preço, na qualidade e na concorrência? Passa pela redução das margens de lucro?
Meu pai sempre me dizia: a venda só termina com a satisfação do consumidor, e a entrega é uma das etapas. Sendo assim, sempre busquei os melhores controles e soluções para que essa entrega tivesse a máxima eficiência possível. E, para que essa entrega acontecesse, nosso local de armazenamento teria que ter a máxima estrutura e eficiência possível. Esse nosso novo Centro de Distribuição em Guarulhos, em São Paulo, que fica dentro de um operador logístico, tem nos trazido bons resultados/indicadores. No começo, é claro, tem uma acomodação, mas os benefícios são visíveis no curto prazo, e conseguimos armazenar quase 5.000 pallets ao mês com uma média de 3.600 entregas por mês.
A Casa Flora tem uma loja em Belo Horizonte. Quais são os hábitos dos mineiros na compra de alimentos e bebidas? Continua com a fama de ser exigente, de ser um mercado-teste?
Somos de origem mineira, aliás, em Itamonte, no Sul de Minas. Foi de lá que meus avós vieram com os filhos aqui para São Paulo. Passei muitas férias escolares lá e sempre tive grandes amigos. Entendo que, quando existe confiança e percebem seriedade e entrega, o mineiro adere. Percebo que cada vez mais estão dando valor e querem ter mais e novas experiências com alimentos e bebidas.
Há planos de expansão em Minas ou em outros mercados com mais lojas físicas e contratações?
Nosso desafio é sempre levar a melhor experiência ao consumidor e, assim que a pandemia estiver dando espaço, iremos intensificar nossa equipe para desenvolver mais o trade nos nossos clientes.
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