Há cerca de um mês no cargo, o presidente da CeasaMinas, Luciano José de Oliveira, 60, conta que a estatal recebe, por meio dos entrepostos, alimentos de 2.096 municípios e vende para 925 cidades e comenta o programa de privatização do governo federal. Veja a entrevista exclusiva abaixo.
Você assumiu há pouco mais de um mês a presidência da CeasaMinas, a segunda maior do país, depois da Ceagesp. Na sua avaliação, quais são os problemas da estatal a serem sanados de maneira urgente?
Um dos primeiros pontos que já temos buscado soluções são melhorias na infraestrutura do entreposto. Melhorar a qualidade urbanística da CeasaMinas, neste momento, é uma das prioridades, dando mais qualidade de vida e de trabalho para quem circula no dia a dia dos entrepostos.
Você é de Carandaí, na região de Campo das Vertentes, em Minas Gerais, um dos municípios que mais comercializam produtos na CeasaMinas; já foi vendedor no Mercado Livre do Produtor (MLP), o que você pode fazer para melhorar a relação de preço entre o pequeno produtor rural e o mercado?
Eu conheço essa realidade porque trabalhei no MLP anos atrás e tenho uma relação de proximidade com muitos produtores rurais, não só de Carandaí, mas do Estado inteiro. Eu conheço, a bem dizer, todos os municípios produtores que entregam mercadorias no CeasaMinas. Essa experiência me credencia como um agente de diálogo permanente entre os pequenos e médios produtores e os outros agentes de produção, o que evidentemente propicia melhor capacidade de entendimentos entre os atores do mercado. Quem regula o preço no MLP não é o presidente da CeasaMinas, são fatores econômicos dinâmicos. Mas, em relação ao diálogo, podem ter certeza, ele será sempre franco, aberto e democrático, tanto com o pequeno produtor quanto com os grandes lojistas e empresários.
Há algum projeto de revitalização das unidades da CeasaMinas no interior de Minas Gerais? O que dá para fazer por elas?
Sim, estamos trabalhando neles, e no momento oportuno serão expostos ao público da CeasaMinas. Mas já adianto, por exemplo, o caso da CeasaMinas Juiz de Fora: no ultimo dia 9 concluímos a instalação de lâmpadas de LED em todo o entreposto.
Há intenção de privatizar as seis unidades da CeasaMinas: Contagem, Uberlândia, Governador Valadares, Caratinga, Barbacena e Juiz de Fora?
Existe um programa nacional de privatizações, a CeasaMinas está inserida nesse programa, e seguiremos o cronograma estabelecido pelo Ministério da Economia.
Você é a favor ou contra a desestatização da CeasaMinas do jeito proposto (leilão na base do preço mínimo com base no fluxo de caixa esperado para a empresa ao longo dos anos)?
Como presidente, não sou contra nem a favor. Tenho que atuar como um magistrado, conciliando os interesses do governo federal e dos outros atores, dentro da legalidade, moralidade pública e dos interesses de Minas Gerais e do Brasil. Tenho certeza de que o Ministério da Economia tem a melhor solução para a CeasaMinas.
E a venda dos terrenos e repasse da gestão do Mercado Livre do Produtor à iniciativa privada por meio de concessão, como quer o governo federal? Como está o diálogo com o governo de Minas? Há entendimento?
O diálogo é permanente e envolve diversos atores, tanto do Executivo quanto do Legislativo Estadual e Federal. Como tenho dito: nossa missão é promover o entendimento pacífico e civilizado e, dentro dos parâmetros traçados pelo Ministério da Economia, realizar o melhor trabalho possível para a CeasaMinas e seu público.
O BNDES avaliou as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais em R$ 253 milhões. Esse valor condiz com o patrimônio da CeasaMinas? O patrimônio da CeasaMinas vai muito além dos valores econômicos e é difícil de ser precificado. Ele tem um peso social e econômico muito grande não só para Minas, mas estrategicamente para todo o país, sendo um dos maiores pontos de distribuição de alimentos da nação. Atualmente, nossos entrepostos recebem alimentos de 2.096 municípios. Esses produtos são vendidos para 925 cidades. A CeasaMinas é uma empresa diretamente responsável por movimentar a economia dos pequenos municípios de Minas Gerais e do Brasil. O Ministério da Economia leva isso em conta, com certeza, em nível social, econômico e estratégico.
A unidade de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, é o terceiro maior ponto de distribuição de alimentos do país, com 70 mil pessoas por dia e com mais de 3.000 pequenos produtores. Qual é o volume de produtos comercializados por dia?
Isso tem aumentado, dado o aumento da produção? São toneladas de verduras, frutas, legumes comercializados por dia, alimentando toda Minas Gerais. A produção segue de vento em popa, e a CeasaMinas está preparada para dar vazão a essa produção e, sobretudo, garantir o alimento na mesa dos mineiros e brasileiros. Não haverá desabastecimento em hipótese nenhuma.
A estrutura física das unidades da CeasaMinas está abandonada, de acordo com relatos dos usuários. Falta até banheiro. O que será feito para a revitalização?
Já iniciamos estudos para licitações e contratações dos serviços necessários para sanar esses problemas. Esperamos melhorar a qualidade do serviço prestado pela CeasaMinas, que, mesmo nas condições atuais, ainda é muito melhor do que o existente em outros Ceasas do Brasil.
Qual é o resultado financeiro da CeasaMinas, em números? Ela dá lucro ou prejuízo? A CeasaMinas tem contas saudáveis para sua realidade, e, com certeza, com profissionalismo, comprometimento público e responsabilidade, manteremos a higidez das contas na nossa gestão. É importante destacar que nossa fonte de renda são apenas as tarifas pagas pelos concessionários e produtores rurais, e mesmo assim estamos dando lucro. Nesse sentido, somos referência a nível de administração pública e devemos reconhecer aqui a importância do quadro de funcionários de carreira do CeasaMinas, que é um time extremamente dedicado e que veste a camisa da instituição.
Como você quer ser referência como gestor da CeasaMinas? Com capacidade de diálogo dentro de todos os setores da CeasaMinas, do menor dos produtores ao maior dos lojistas, tenham na presidência da CeasaMinas um amigo disposto a ouvir, achar juntos as melhores soluções e juntos buscar os melhores caminhos para nosso entreposto, que é patrimônio dos mineiros e dos brasileiros.
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