Uma semana depois de os nomes do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff terem ganhando as capas de revista e manchetes de jornais e sites do mundo todo por aparecerem em uma suposta delação do senador Delcídio do Amaral (PT), ontem foi a vez de o senador Aécio Neves (PSDB) ver seu nome envolvido na mesma peça, ainda não oficializada pela Justiça nem mesmo reconhecida pela defesa do petista.
Mas, ao contrário de Lula e Dilma, Aécio parece ter tido mais sorte. Até agora só se sabe da presença do nome do senador mineiro na suposta delação. Não se tem notícia em qual contexto teria sido citado nem mesmo se Delcídio o implicou em algum crime. No caso dos dois primeiros, o vazamento da delação já apareceu com seu conteúdo. A presidente e o ex-presidente são acusados de tentarem interferir nas investigações da Lava Jato como também de atuar para evitar a instauração de CPIs no Congresso.
Tratando-se de Aécio, não se configura uma novidade sua capacidade de se descolar rapidamente de fatos negativos, seja perante a Justiça ou mesmo a opinião pública. A citação dele na suposta delação premiada de Delcídio seria a terceira envolvendo o senador mineiro a partir de um delator da Lava Jato.
Nas outras vezes, as citações só vieram à tona meses depois de as delações terem sido feitas, não vingaram e o ex-governador de Minas não precisou prestar nenhum tipo de esclarecimento a pedido do Judiciário. Talvez sejam todas citações falsas, com o intuito único de atingir Aécio e misturá-lo a outros políticos envolvidos na operação, como ele tem alegado reiteradamente.
Mas causa estranheza, em uma operação autodenominada tão ampla e pro-ativa como a Lava Jato, nenhum inquérito ter sido aberto, nenhuma intimação para depoimento ter sido publicada para averiguar a veracidade das citações sobre a participação do senador mineiro em algum ato irregular.
A boa vontade com Aécio, inclusive, é anterior aos escândalos recentes da Lava Jato. Durante as eleições de 2014, reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” mostrou a construção de um aeroporto na cidade de Cláudio, reduto familiar de Aécio, durante o segundo mandato do tucano no governo mineiro. Não liberado pela Infraero, o aeroporto, construído em um terreno de um tio-avô de Aécio, era utilizado apenas pelo político e por pessoas próximas dele, a ponto de as chaves do local ficarem sob tutela de um parente do senador. As investigações sobre o caso, no entanto, foram arquivadas por duas vezes a pedido do Ministério Público de Minas Gerais.
Em um momento de divisão do país e de denúncias graves contra o atual governo e líderes do partido ligado a ele, seria importante o Ministério Público e a Justiça não se partidarizarem, não deixarem transparecer uma atuação seletiva, como vem ocorrendo nos últimos dias. Os ecos contra a condução da Lava Jato, antes restritos a militantes do PT, agora começam a se ampliar, chegando, inclusive, ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde todo o processo iniciado em Curitiba deverá acabar.
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