Faltando 14 semanas até a eleição nos Estados Unidos, Trump demitiu seu chefe de campanha, Brad Parscale. Analistas destacaram que é uma grande oportunidade para mudar os rumos de sua campanha. Ele está sob pressão. O panorama geral é que a maioria dos eleitores não confia na pessoa de Trump e que ele não estaria apto para resolver grandes problemas como a Covid-19 e os assuntos raciais.
Nessa mesma época, quatro anos atrás, as pesquisas o apontavam, na média, com 39% de intenções de voto, e Hilary, com 43%. Em 2016, ele conseguiu a virada. O cenário parece pior agora. Segundo pesquisa da Universidade Quinnpiac, Trump estaria 15% atrás de Biden, enquanto pesquisas da NBC/WSJ o colocam a 11% de desvantagem.
Ele segue na liderança entre pessoas que se identificam como brancas (7%), homens (2%) e de pessoas brancas sem ensino superior (22%). Entretanto, em 2016, ele liderava com folga maior, 20%, 11% e 37%, respectivamente.
No domingo, em entrevista à Fox News, Trump afirmou que as pesquisas de intenções de voto são “falsas”. Ele chegou a afirmar que pesquisas de sua campanha o apontam na liderança em cada swing state. Ele pode estar certo. Pesquisa do instituto Rasmussen apontou, na quarta-feira passada, 3% de diferença entre os candidatos, com 4% de indecisos.
Apesar de falar em pesquisas falsas, é bem possível que ele esteja bastante atento aos resultados delas, em especial com boa atenção às mulheres, porque, entre elas, segundo pesquisa do grupo All In Together, 26% tendem a ser classificadas como swing voters. É um grupo significativo.
O extrato dessa pesquisa trouxe novidades em subgrupo de mulheres, as Guardian Women: tendem a ter mais de 50 anos, ser brancas, sem formação superior, casadas e com renda familiar anual acima de US$ 50 mil. Esse grupo deve ter atenção da campanha, afinal, estão muito empenhadas em comparecer às eleições em novembro, com 85% delas relatando que têm quase certeza de que vão votar.
O nome desse segmento populacional vem de seu valor primário ser a segurança; elas se veem como protetoras. Elas concordam que sua participação política importa agora mais do que nunca para proteger o país e famílias (88% concordam, 62% concordam fortemente) e que sentem ter um papel muito importante na proteção de sua família e comunidade (90% concordam, 66% concordam totalmente).
Somadas às crises da pandemia, dos assuntos raciais e da economia, muitas das Guardian Woman sentem-se mais próximas do centro político. A visão sobre a capacidade de Trump na economia é melhor que a de Biden. Porém, o estilo de bullying de Trump as faz duvidar da sua capacidade de liderar o país. Trump tentou emplacar o codinome pejorativo “Sleepy Joe” ao seu adversário. Em vez de pejorativo, pode ser uma vantagem para Biden, transmitindo imagem de pessoa que aposta no seguro.
Ao longo da semana devem aparecer reflexos do recém-publicado livro da sobrinha de Trump, que fala sobre a personalidade dele.
Outra discussão impulsionada a partir de uma mulher foi a pesquisa sobre o papel da mídia. Bari Weiss demitiu-se como editora de “The New York Times” e em carta pública alegou assédio e um ambiente de trabalho hostil criado por pessoas que discordavam dela como motivo do desvínculo. Depois disso, pesquisas apontaram o eleitorado interessado em mídias neutras e plurais, tendo o instituto Rasmussen apontado que 63% dos americanos acreditam que os veículos de notícias têm sua própria agenda política.