Esteiras rolantes, relógio inteligente, chamadas de vídeo.
Quem acompanhou os Jetsons, nos anos 80, duvidava que as tecnologias que facilitavam a rotina da “família do futuro” iriam ganhar a nossa realidade.
Eu adorava esse desenho animado! Achava incrível a ideia de poder falar ao telefone e ao mesmo tempo ver a pessoa. “Já pensou?”
Fato é que não imaginamos mais a vida sem isso, especialmente sem o contato mediado por um retângulo de “vidro”.
Estarmos a uma tela de distância de um ajuste de estratégia, de uma negociação, de um acordo.
Com tantas facilidades, difícil convencer as pessoas a reconquistarem seu espaço físico no mundo.
Muitos dizem ainda estar com receio das interações presenciais por causa da contaminação pela Covid. Os profissionais também estão resistentes em abrir mão das conquistas que o trabalho online possibilitou, como mais tempo para a vida pessoal.
Seria só isso mesmo ou desaprendemos a conviver socialmente?
O home office trouxe muitos desafios para a convivência familiar, em contrapartida, possibilitou um maior controle na convivência profissional e um maior domínio do ‘clima’ do ambiente de trabalho. O contato com aquele colega antipático, agressivo, com manias chatas ficou limitado. Online, já não temos mais que aturar encontros não planejados no corredor, no elevador e conversas indesejadas no café.
Fim da reunião, é só desconectar. Não precisamos mais lidar com silêncios indecifráveis, olhares reprovadores, passos duros.
Isso é confortável, mas é bom? O que é melhor, saber lidar com diferentes tipos de personalidades, de reações ou fugir dessas situações?
O que nos faz evoluir, evitar ou enfrentar?
Memes sobre o drama no retorno aos escritórios têm circulado por aí. Eles fazem rir e pensar.
Essa sensação estranha que muitos estão experimentando já tem nome e ares de síndrome: Farto – “Fear of Return to the Office”, traduzindo: “medo de voltar ao escritório”. Entre os sintomas estão taquicardia, dor de estômago, ansiedade.
Já ouvi alguns psicólogos preverem que as crianças e os adolescentes – muitos, aliás, felizes com a retomada das aulas presenciais – iriam enfrentar sérios problemas nos relacionamentos porque estão destreinados.
Só eles ou todos nós?
Como sentir-se de novo à vontade com a convivência?
Não tem segredo: convivendo!
Relacionamento é prática! É uma habilidade que se aprende e se desenvolve em cada interação.
Mas o mundo de carne e osso parece estar em carne viva. A sensação que tenho é que as pessoas estão mais sensíveis as palavras, ao tom de voz. Aquela casca que a maioria tinha para lidar com um tratamento mais seco ou ríspido parece que caiu e deixou uma ferida aberta. Não sei se foi o isolamento ou o drama que cada um enfrentou. O problema é que, cara a cara, simular um sinal fraco não é uma opção.
Que a gente tenha coragem e paciência para retomar de forma saudável o que é natural do ser humano, a vida em sociedade.
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