Gosto muito de celebrar etapas. Concluir ciclos e abrir novos. Os rituais de passagem sempre marcam nossas vidas e nossa sociedade. Comemorar bodas, uma formatura, aniversários, um novo emprego e tantos outros marcadores. Com este artigo, celebro 40 textos escritos aqui, nesta coluna e neste jornal. Sempre tive um time de profissionais que me apoiaram e incentivaram. Nós nunca chegamos a lugar algum sozinhos, somos sempre em relação ao outro. E eu sou grato por essa parceria, principalmente com você, leitora e leitor. 
 
Quando iniciei essa jornada, por mais que já tivesse meu livro editado e hoje a caminho do terceiro, percebi que escrever é sempre uma aventura. Uma construção de caminhos possíveis por meio do raciocínio e dos argumentos. Mas, e acima de tudo, escrever é fortalecer a coragem de se posicionar. Colocar-se ao olhar e análise do outro torna-se um crescimento constante. Ao pensar esses artigos, sempre me esforcei por pensar a vida e tudo o que se apresentava a mim.
Pensar os comportamentos, as respostas das pessoas e as minhas em várias situações. E comecei como se fosse “no susto”, depois de um convite de Renata Nunes. Foi como se eu tivesse ouvido um “já, é agora!”
 
E neste artigo, que marca essa virada, escolhi pensar nesses momentos em que o mundo diz “já!” Nessas horas, quando não se tem para onde correr, quando o peso das escolhas, a coragem do enfrentamento e o salto à vulnerabilidade se apresentam, ou você se atira, ou vai paralisar. Quando encaramos nossas vulnerabilidades, entramos na nossa força. Pode parecer contraditório, mas coragem e vulnerabilidades se fundem. 
 
Convivo com atletas muitas vezes durante a semana e percebo o grande desafio que cada um enfrenta em relação ao necessário equilíbrio emocional durante as competições e no dia a dia. Esse desafio, aliás, é constante na vida de cada um de nós. E nesses momentos não existe espaço para pensar demais. São instantes em que todo o preparo, todas as blindagens, toda a garra são solicitados. 
 
Não faço aqui uma defesa da impulsividade, mas da coragem de assumir os erros e os aprendizados. É como se fizéssemos as pazes com o fato de que na vida nem tudo sai conforme esperamos. Faço um questionamento quanto aos nossos estímulos e respostas. Só se sente preparado para o “já” quem analisa e pensa sobre as bases do agir. As atitudes impulsivas e desajustadas geram grandes prejuízos à vida social, afetiva e profissional de qualquer pessoa. 
 
Um dos aprendizados destes tempos de pandemia foi apreciar o pôr-do-sol da janela de casa, aceitar o fluxo, abrir os olhos para muitos eventos e comportamentos que podem nos passar desapercebidos. Todos nós vivemos esse momento do “já” quanto a não ter como sair de casa, a usar máscaras e a remodelar tudo de trabalho e compromissos para o virtual. Foi necessário deparar-se com um dos conceitos de inteligência emocional que mais admiro, ou seja: passar pelos momentos de tensão sem perder o espírito de luta! Nos momentos de “já”, e serão muitos durante a vida, que eles possam instigar você, nunca travar! Boas escolhas.
 
*Otávio Grossi, é filosofo, mestre em psicologia, graduando em psicologia, psicopedagogo de autistas. Mentor de empresários e atletas. Autor de “ Conquistas autenticas” e co-autor de “Sobre rodas”, das Edições Candido- RJ. É colunista fixo do jornal O Tempo e especialista do programa Interessa, nas quartas-feiras, na rádio Super FM.