Era uma vez uma menina. Quando estava na 2ª série percebeu que na sala dela tinha um menino diferente dos outros. Na verdade, era exatamente igual, mas, aos olhos dela, ele era mais colorido... Aos poucos, descobriu que o menino também a enxergava assim, diferente das outras. Mas eles tinham apenas 8 anos, então avaliaram aquilo como uma amizade especial. E assim se passou um longo período. Os dois foram crescendo, lado a lado, até que o menino mudou de escola.
Eles mantiveram o contato através da internet por muitos anos. Até que uma viagem fez com que ficassem um tempo sem se falar. E foi aí que ela percebeu que aquele garoto fazia falta. Que falar com ele, ainda que virtualmente, era importante. Quando eles puderam voltar a conversar e ela percebeu que ele pensava o mesmo, sentiu frio na barriga, vontade de sorrir sem saber por que, e por isso não teve dúvidas de que aquele sentimento da 2ª série nunca havia sumido, só tinha crescido em silêncio e ficado mais forte. Agora, eles estavam com 14 anos e sabiam bem que aquela “amizade especial” tinha outro nome: Amor.
E então a menina foi pedida em namoro, daquele jeito que não existe mais, como nos filmes de antigamente. Ela correu para contar a novidade para a pessoa em que mais confiava no mundo... Sua mãe. A menina estava crente que as duas se abraçariam, que a mãe perguntaria os detalhes, que vibraria e ficaria feliz por ela. Mas não foi bem o que aconteceu... A mãe simplesmente falou que ela era muito nova para namorar. Proibiu-a de conversar com o garoto e avisou que dali em diante ela só poderia sair de casa se o pai a levasse e buscasse... Como se a filha que ela conhecia até então tivesse mudado do dia para a noite. Como se não pudesse mais confiar nela.
Essa é uma história real. Uma das minhas leitoras me contou só como desabafo, mas achei interessante porque há mais ou menos um ano, outra leitora me relatou uma história muito parecida. Ela também tinha 14 anos na época, estava apaixonada e havia acabado de descobrir que a paixão era recíproca. Ao procurar a mãe para dividir com ela a sua felicidade, recebeu a maior bronca e teve o namoro proibido.
Não quero criticar essas mães, até porque acho que cada um sabe a criação que dá para os filhos. Mas eu convivo diariamente com várias adolescentes e uma coisa posso afirmar: Hoje em dia elas estão muito mais maduras do que as garotas na época da minha adolescência. O que eu fazia aos 16 anos, elas estão vivendo aos 13. Não sei se isso é bom, acho que a gente deve aproveitar a infância o máximo que puder, mas esse amadurecimento precoce é um fato, não dá pra negar.
Talvez a internet tenha sido a responsável, visto que hoje temos todo tipo de conteúdo e informação ao alcance das mãos... Mas a verdade é que uma adolescente de 14 anos atualmente não é de forma alguma uma “menininha”. Elas conversam como adultas, têm argumentos sólidos, lutam pelo que querem. E, dessa forma, é natural que também se apaixonem mais cedo, que queiram experimentar de tudo o quanto antes.
Eu ainda me lembro do primeiro menino que gostei. Contei naturalmente para a minha mãe e ela não reprovou nem criticou. Ao contrário, ela se mostrou compreensiva e aberta. Não me encheu de perguntas, mas deixou claro que estava ali para o que eu precisasse. E, nas vezes que ela achou que eu ia me dar mal, que via que eu não estava indo na direção certa, ela me puxava de volta e me mostrava um caminho melhor, mas nunca me obrigou a nada. Ela me orientava, mas me deixava livre para que eu pudesse decidir o que era melhor pra mim. E talvez por isso, várias vezes durante a vida eu pedi seus conselhos. E peço ainda hoje. Porque sei que ela só quer o meu bem.
Voltando à menina do início, acredito que a mãe só tenha reagido daquela maneira por também achar que era o melhor para a filha... Só que ela nem quis saber a história completa, antes de tirar suas conclusões. Ela nem percebeu o quanto a menina estava feliz e nem mesmo quis conhecer o garoto... Pelo pouco que a minha leitora contou, eu fiquei encantada com ele, parece ser um menino bom, à moda antiga, sério e respeitador... Exatamente como as mães costumam gostar.
Mas a dela nem se deu a chance de saber disso. Apenas usou o argumento da idade e pronto, sem se dar conta de que a filha podia ter mentido e ocultado o namoro, mas que, em vez disso, teve maturidade para contar, por achar que a mãe a trataria como uma garota sensata e não como uma menininha boba, que não sabe se defender sozinha.
Às vezes pode ser difícil para os pais perceberem que os filhos cresceram. Mas acho que também cabe aos filhos mostrarem isso. E foi o que eu sugeri para a minha leitora. Mostrar para a mãe que aprendeu com ela o que é certo e o que é errado e que, por isso mesmo, conhece os limites.
Explicar que só contou aquilo por confiar nela... Assim como gostaria que a mãe fizesse agora.
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