Paulo César de Oliveira

Crises atravancam o país

Estratégia de radicalização vai contra o desenvolvimento


Publicado em 03 de março de 2020 | 03:00
 
 
 
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Até quando sobreviveremos com mares revoltos, agitado por falsas ventanias, provocadas por superpotentes ventiladores conectados com as redes sociais? É preciso dar um basta, urgente, nessas crises fabricadas que atingem o país, vindas de todos os lados – da esquerda, da direita, do centro –, inviabilizando qualquer esforço de se encontrar um caminho.

É intolerável a tentativa de produzir crises para encobrir erros, fazer marolas para desmoralizar instituições e com isso proteger apaniguados e parentes metidos em encrencas.

Basta de manipulações dos fatos, de direita e esquerda se acusarem mutuamente, num claro golpe eleitoral cujo objetivo é preservar palanques, impedindo o surgimento de alternativas. Tudo isso alimentado por profissionais da mentira que usam as redes sociais para caluniar pessoas e denegrir a imagem de instituições que, convenhamos, já não são de primeira linha, mas que, ainda assim, são sustentáculos da democracia.

Essa odiosa estratégia de, por um lado manter-se no poder e, de outro, buscar reconquistá-lo está levando o Brasil a um processo de radicalização perigoso. Essa luta fratricida que se desenha terá, com certeza, consequências desastrosas para um país que precisa ter paz para recuperar o tempo perdido.

O estímulo à radicalização leva a situações como a de Santa Catarina, onde mãe e filha – uma jovem de 16 anos buscam na Justiça uma indenização de R$ 100 mil para suposta “doutrinação esquerdista” em aula de história em escola pública. Típico caso de buscar vantagem pessoal com a radicalização.

A disputa ideológica séria é saudável. Mas ela pressupõe a existência de lideranças competentes e realmente comprometidas com um objetivo transparente. E, de lado a lado, não temos isso. Vivemos um vazio de liderança desde muito tempo. O resultado disso é que não conseguimos avançar.

Criamos conflitos desnecessários, que, quando não absolutamente sem propósitos, conseguem, no máximo, atender interesses pessoais de criar holofotes para os mais bobos e oportunidades indecentes para os inescrupulosos.

O risco mais iminente que o país vive atualmente é o de colocar a perder aquilo que parecia ser alguma conquista no processo de sua modernização. Estamos tornando o diálogo impraticável e sem ele não avançaremos com as reformas necessárias. Agimos, como dizem os matutos, como a vaca que, após dar 30 litros de leite, enchia a pata no balde, jogando para longe o leite e o vaqueiro, pondo tudo a perder.

É o que estamos fazendo. Além de inviabilizar as reformas, indispensáveis para o nosso crescimento econômico, vamos nos apresentando ao mundo dos investidores como um país de inconsequentes que vivem a criar dificuldades e inseguranças.

Enquanto isso, 12 milhões de brasileiros vivem sem emprego, sem renda para sustentarem suas famílias. E a fome e a desesperança formam o pasto ideal para alimentar hienas destruidoras da liberdade.

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