Até onde pretende ir o presidente Bolsonaro em suas críticas e ataques a instituições? Apesar de falas cada vez mais agressivas e chulas, o presidente vai perdendo prestígio e apoio entre os eleitores, apesar de consolidar alguns apoios entre os que, como ele, estão minguando politicamente e precisam de algum escudo para se protegerem de seus erros e desvios ao longo da vida política, como os que se abrigam no centrão.
Tanta braveza do presidente, ao contrário do que pode parecer, demonstra insegurança e incerteza quanto ao que poderá acontecer a ele, a alguns familiares e a muitos amigos diante das denúncias de toda ordem que vão surgindo.
Para o Brasil, bem ao contrário do receio de alguns, nada deverá acontecer. Para que algo ocorresse, seria necessário que o presidente tivesse uma sólida base de sustentação, inclusive em seu meio de origem, base que ele cuidou de desmilinguir com declarações que ficariam bem numa briga de rua e posicionamentos que frustraram setores importantes da economia – nacional e internacional –, que lhe pavimentaram para chegar ao poder e que, agora, começam a bandear, a buscar alternativas.
Na exata medida em que exacerba em sua fala, Bolsonaro reduz seu tamanho político. Claro que ainda conserva o apoio dos seus iguais, mas perde os dos que apostaram nele como o contra. Alguém capaz de não apenas tirar o poder do PT, mas muito mais do que isso, fazer uma assepsia política no país. Bolsonaro decepcionou os que acreditaram nisso. Mais, ressuscitou o PT, fazendo com que Lula, após decisão do STF de anular seus processos por erros (importante ressaltar que Lula não foi inocentado, apenas se beneficiou de erros jurídicos), deixasse a prisão e, se postando como vítima, avançasse nas pesquisas, chegando à liderança delas.
É no espaço entre a braveza e o cinismo que aparecem os sinais de uma terceira via na disputa eleitoral. Os mais sensatos politicamente já concordam que o país precisa construir uma solução que lhe permita harmonia interna e respeito internacional, assegurando, assim, a estabilidade necessária para a conquista de investimentos. É nesse ambiente que começa a se fortalecer a candidatura do governador João Doria Jr., de São Paulo, como a alternativa de terceira via. Outros nomes já foram especulados, inclusive o do mineiro Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, mas Doria aparece como a alternativa mais viável pelos bons resultados obtidos no comando de seu Estado e pela recomposição de seu partido, o PSDB.
Doria tem conseguido reagrupar os tucanos em torno de seu nome e deverá vencer as prévias marcadas para novembro, assim como venceu as para a disputa da prefeitura paulistana e para o governo estadual. Tudo indica que será ele o nome a quebrar a falsa polarização entre Lula e Bolsonaro. Polarização que só se mantém pela inexistência, até agora, de uma candidatura confiável.