Com a esperada vitória de João Doria nas prévias do PSDB se credenciando para ser oficializado como candidato do partido à Presidência da República, surge, enfim, o nome da chamada terceira via para disputar, daqui um ano, provavelmente, com Lula e Bolsonaro. 

Vencer prévias não é uma novidade para o governador paulista, que disputou duas prévias no partido para, posteriormente, tornar-se prefeito e governador, depois de uma competente articulação para a unidade da legenda. Colocando de lado minha antiga amizade com o político tucano – desde a época do meu saudoso amigo José Hugo Castelo Branco, então ministro da Indústria e Comércio, do governo Sarney, que o nomeou presidente da Embratur – diria, sem medo de errar, que é o mais preparado politicamente para ocupar a Presidência da República num momento conturbado da política e da economia do país.

Filho de político – seu pai João Doria foi deputado federal cassado em 1964 –, o governador tem enorme capacidade de articulação e sensibilidade para enfrentar as questões sociais. Basta ver a gestão que vêm desenvolvendo no governo de São Paulo, que o credencia a fazer o mesmo no Brasil, já que São Paulo é bem a síntese do país. A campanha de vacinação liderada por Doria, que travou verdadeira guerra contra os negacionistas, salvou muitas vidas e colocou São Paulo como o primeiro Estado a vacinar sua população. 

Agora o pré-candidato João Doria, com sua capacidade de dialogar, inicia as conversas para unir o seu PSDB e, a partir daí, conquistar o apoio de outros partidos à sua candidatura. Seu projeto político é de, em breve, começar a viajar pelo Brasil, apresentando o esboço de seu plano de governo para os quatro anos de um possível mandato a ser conquistado nas urnas no próximo ano. 

Doria, que já articula encontros com outros pré-candidatos, que se apresentam como alternativas à polarização Lula/Bolsonaro, deverá formar uma equipe para a elaboração de propostas para a formulação de seu programa de governo. É com esta proposta que ele deverá trabalhar a articulação dos apoios políticos nos Estados, juntamente com os partidos que vão apoiar sua candidatura.

De diálogo fácil e larga experiência administrativa, João Doria aposta no contato direto com as lideranças políticas e com o eleitorado para conquistar os votos. O tucano, na visão de alguns de seus interlocutores, deverá evitar uma campanha agressiva, respeitando e não deixando, porém, sem respostas seus adversários, buscando com isto liderar um processo de reconciliação nacional, sem a qual o país dificilmente conseguirá superar suas dificuldades e retomar o seu crescimento.